Osorio promete rodízio de escalação e diz: "Defender bem é defender pouco" Técnico colombiano fala sobre ideias táticas, avisa que dinheiro ou prestígio não são primordiais para definir formação e avisa que atacantes são primeiros defensores

 

Falando de forma pausada para se fazer entender, pedindo desculpas por não ser fluente no idioma português, mas deixando claro que pode trazer novas ideias ao futebol brasileiro. Juan Carlos Osorio, 53 anos, foi apresentado nesta segunda-feira como novo técnico do São Paulo, no CT da Barra Funda. Logo de cara, ele deu os primeiros sinais dos motivos para seu apelido na Colômbia ser "Lorde".
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Entendo e respeito o prestígio de vários jogadores do São Paulo. Vou pesar isso numa decisão. Mas vou tentar sempre me equivocar o menos possível, pensando no rival e dando chance a todo o grupo
Juan Carlos Osorio
Ex-comandante do Atlético Nacional, Osorio vê a oportunidade no São Paulo como o maior desafio da sua carreira. E o primeiro obstáculo nessa caminhada será justamente o idioma. O colombiano vai se dedicar para aprender a se comunicar com os jogadores. Junto com ele, mais dois profissionais serão incorporados à comissão do Tricolor, e Milton Cruz será o responsável por ajudá-lo na adaptação ao ambiente do futebol brasileiro.
Entre as novas ideias de Osorio, uma delas é o rodízio constante na escalação. O colombiano chegou a ficar sem repetir formações por mais de 100 vezes no antigo clube. A ideia é repetir o sistema no Tricolor.
– É um grande desafio e, dentro disso, está que os jogadores entendam que o rodízio não é um princípio do jogo, mas sim da vida. Não se comparam jogadores por dinheiro, história ou prestígio. Isso tudo se respeita. Mas em um grupo de trabalho todos devem ser igualmente importantes. Nas finais, e analisando o elenco, há consistência e jogadores mais influentes que outros. Entendo e respeito o prestígio de vários jogadores do São Paulo. Vou pesar isso numa decisão. Mas vou tentar sempre me equivocar o menos possível, pensando no rival e dando chance a todo o grupo. Se não, você não consegue promover jogadores e também não vai consolidar ninguém. Assim como eu estou tendo a oportunidade de mostrar.  

Juan Carlos Osorio (Foto: Miguel Schincariol / Agência Estado)


Juan Carlos Osorio, novo técnico do São Paulo (Foto: Miguel Schincariol / Agência Estado) 


Veja os principais tópicos da entrevista de Osorio:
Adaptação
– O primeiro desafio é aprender o idioma. Sigo de perto o Campeonato Brasileiro, através do senhor Sierra, que comenta e narra partidas na América do Sul, e foi meu companheiro no Red Bulls. Fazer com que o trabalho seja com disciplina, trabalho, e com as mesmas características que me deram a oportunidade de trabalhar no Manchester City, no Red Bull, no México e em equipes colombianas. Jogador é ser humano, independentemente se for colombiano, brasileiro, africano, é sempre o mesmo. Tem de tratar com respeito, com exigência, mas com objetividade, valorizando o que se pode fazer em um grupo de trabalho.
Sobre a homenagem da torcida do Atlético Nacional
– A felicidade pelo reconhecimento da torcida do Nacional, que é o maior clube do futebol colombiano. Três anos e seis títulos. Promovi jogadores da base, vendemos muito ao exterior, contribuí com a melhora do CT. Foi difícil deixar para trás, mas esse é o reconhecimento da torcida. É o desafio maior da minha carreira, durante três anos no Nacional tive várias ofertas de seleções, do futebol colombiano, do futebol sul-americano, mas não quis porque não pensava em meu próximo projeto. Quando o Aidar se comunicou comigo, a primeira impressão foi de surpresa, não por causa da minha capacidade. Mas ser escolhido por um clube brasileiro é uma responsabilidade muito grande. Ainda mais o São Paulo, a maior equipe, era impossível dizer não. 



Proposta do São Paulo  
– Quando comparei a proposta do São Paulo com a proposta de outro clube não foi nem pela parte econômico, mas pela grandeza deste clube. Vou fazer até o impossível, dar tudo de mim, para sair com êxito deste desafio. 
O que é um time ter coração?
– Quer dizer se esforçar pelo companheiro, se um companheiro comete um erro, tem que corrigir e depois dar apoio. Cooperar, dar tudo para o time ganhar. Isso fica visível para a torcida, Para mim, a principal coisa é a intensidade de treinamento, pois não há futebol fácil, gosto de trabalhos em alta intensidade. Trabalhos menores, de 7 contra 7, mas sobretudo dando 100% em campo. Que a exigência seja essa para poder melhorar. Mostra que a equipe tem coração. 
Fama de fazer rodízio entre titulares
– É um grande desafio para mim, que os jogadores entendam que o rodízio é um princípio do jogo. Não se compara jogadores por dinheiro ou por história, isso se respeita, mas o princípio é de que em um grupo de trabalho todos sejam importantes. Durante as finais, analisando o elenco, chegando à consistência, pois há jogadores muito mais importantes no elenco. (O rodízio) seguramente será um fator que tenho que pesar em um momento de decisão, mas sempre vou tentar errar o menos possível. Sempre pensar no adversário e em dar oportunidades a todos do grupo. Sem isso, não se pode promover jovens jogadores para o time. 
Minha formação tática é fechando os laterais, com quatro homens de defesa, mas com os laterais descendo bastante ao ataque. Jogamos com dois pontas e um centroavante. Agora atrás é defender em superioridade numérica
Juan Carlos Osorio
Intensidade de treinamento
– Para mim, a principal coisa é a intensidade de treinamento, pois não há futebol fácil. Gosto de trabalhos em alta intensidade. Trabalhos menores, de 7 contra 7, mas sobretudo dando 100% em campo. Que a exigência seja essa para poder melhorar. Mostra que a equipe tem coração.
Planejamento tático
– Minha formação tática é fechando os laterais, com quatro homens de defesa, mas com os laterais descendo bastante ao ataque. Jogamos com dois pontas e um centroavante. Agora atrás é defender em superioridade numérica.
Método de jogo
– Sempre parto de uma premissa que é de tratar de defender pelo menos em igualdade numérica ou superioridade. Acredito que o mais difícil é fazer gols, e a segunda coisa mais difícil é não sofrer. É de competência da defesa e de todos os jogadores, como Pato, Ganso, Bastos e Wesley. São os primeiros defensores quando perdemos a bola. Penso que defender bem é defender pouco.
Escalação contra o Santos
– Estamos em processo de conhecer o elenco, Milton estará encarregado de fazermos isso junto. Vai ter minha humilde opinião. 

Aidar e Osorio (Foto: Marcelo Hazan)


Aidar e Osorio, com o mascote na apresentação no CT da Barra Funda (Foto: Marcelo Hazan)
Sobre a função de Milton Cruz
– Respeito muito a carreira profissional de Milton, é muito importante para o clube e para nós essa transição, esse período de adaptação. Seguramente o Milton vai dar muitas opiniões valiosas. Vou trazer duas pessoas comigo, que foi acordado com o presidente. Vou esperar alguns dias, me familiarizar com o trabalho de todos, e depois tomar a melhor decisão.
Quando estreia?
– Vou estar no sábado, contra o Grêmio. Estamos tentando acelerar esse processo para conseguir o visto de trabalho. 
Atraso nos direitos de imagem dos jogadores
– Primeiro de tudo, tenho conhecimento dessa situação. Sei e confio que o clube vai solucionar, para mim não interfere na hora de tomarmos decisões.
Contratações
- Vou aproveitar todo tempo para olhar e diagnosticar se precisamos de jogadores. Mas creio que agora não. Não gosto de participar das contratações, meu mérito é exclusivamente desportivo. Pretendo apenas sugerir se precisa de algum reforço para uma determinada posição.
Elogios de Kaká
– É um orgulho e satisfação quando me comentaram disso. Agradece, porque um colega ou um jogador reconheceu o meu trabalho.
Ganso
– Eu o conheço por ter enfrentado, me lembro de outras equipes, com Muricy, em Santos, em que jogava Neymar. Nós enfrentamos ele no Once Caldas. Eu me lembro bem, tem bom passe, acho que pode jogar à frente dos meio-campistas, como vem jogando. Tenho de trabalhar isso. Mas pode ser com apenas um volante, e dois meias, sendo o Ganso um deles.
Ceni fica?
– Tenho reconhecimento, admiração por Rogério e sua carreira vencedora. Estar ativo em sua idade não é uma coisa fácil, e sei que ele é o primeiro a chegar ao CT e o último a sair. Um exemplo para o clube. Guardando às proporções, quando estive no Nacional, tinha Juan Pablo Ángel, exemplo para os demais jogadores. É importante ter jogadores assim.
Conhecimento do futebol brasileiro
– Primeiro eu me lembro de quando dirigia o Once Caldas, ganhamos de dois a um, com Rogério de pênalti descontando. Conheço também Corinthians, Cruzeiro, porque jogamos contra eles em outras oportunidades. À medida em que o tempo passar, eu vou me familiarizar mais. Agora vou pensar no Santos, depois no Grêmio, e assim conhecer os times.
Treinadores brasileiros
– Aproveito para dizer sobe Muricy, nome que admiro profundamente, competimos em várias oportunidades contra eles. Os atuais treinadores eu ainda vou me familiarizar. Obviamente os que eu mais conheço são os que treinaram seleções.
O que achou do 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil na Copa?
– Vi pela televisão, acredito que no futebol o emocional é o mais importante. Brasil tinha muitas coisas para se preocupar. Quando você nota que não está bem, e o adversário marca gols rapidamente, você tem que tomar decisões rapidamente. Mas esse placar não vai refletir a grande diferença entre as equipes. Se há um futebol com grande história, esse é o brasileiro.  

Juan Carlos Osorio (Foto: Marcelo Hazan)



Juan Carlos Osorio fala sobre a foto dele com a camisa do São Paulo, em 1987 (Foto: Marcelo Hazan)
Sobre a foto com uma camisa do São Paulo
– Foi em 87. Tenho um amigo da universidade (Osorio estudou nos Estados Unidos) que me convidou para passear no Brasil. Estivemos em várias cidades e eu gostei do uniforme. 









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