Enquanto os brasileiros do atletismo precisam esperar até o dia 6 de maio para confirmarem seus índices para as Olimpíadas de 2016, Solonei Rocha da Silva é o único com vaga já garantida no Time Brasil. O maratonista paulista já está de olho nos Jogos do Rio de Janeiro e disputa a 91ª São Silvestre, nesta quinta-feira, como parte de sua preparação. Só que nos últimos dias ele foi alvo de muitas críticas de rivais na corrida olímpica justamente por sua classificação antecipada, conquistada graças à 18ª colocação no Mundial de Pequim. Ele afasta a polêmica para focar no seu próximo passo rumo ao Rio 2016 e tentar quebrar o domínio africano na tradicional prova de 15km de São Paulo.
- Venho trabalhando para fazer história. Não estou aqui por acaso. Meus títulos falam por mim. Defendo o Brasil aqui e no mundo. Trabalho em etapas. Foco sempre na próxima prova até chegar ao ápice nos Jogos Olímpicos. É continuar trabalhando, focado, esquecer um pouco esse lado de polêmica e partir para cima. Vou para a São Silvestre a 110km/h, que é a velocidade máxima permitida - disse Solonei, campeão pan-americano em 2011 e da Maratona de São Paulo de 2010.
As críticas de rivais, especialmente de Paulo Roberto de Almeida Paula, contestam o fato de o critério de classificação via top 20 não ter sido estabelecido inicialmente - foi aprovado em maio, pouco mais de dois meses antes do Mundial. Alguns oponentes creem em influência do treinador de Solonei, Ricardo D’Angelo, por ser técnico-chefe do Brasil em algumas competições internacionais.No atletismo, cada país pode inscrever até três atletas por prova, sendo as melhores marcas o critério de seleção caso mais atletas alcancem o índice olímpico. Para a maratona, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) adotou também um critério da Federação internacional de Atletismo (IAAF), que considera estar no top 20 do Mundial como um índice, independentemente da marca na competição. Assim, Solonei está classificado, mesmo se ficar fora do top 3 do ranking nacional - hoje ele é o terceiro melhor entre os dez brasileiros com índice na maratona.
1: Estão na zona de classificação olímpica
2: Classificado por ser top 20 do Mundial
(Fonte: CBAt)
- Eu abri mão de correr o Pan, que tinha chance real de ser bicampeão. Eu falei para o meu treinador: “Meu foco é 2016 e, para isso, tenho de estar no Mundial”. Sabia que minha chance de estar no Mundial era maior. Não tem muito que colocar cabelo em ovo. Não tem como meu treinador ou eu fazer maracutaia. Não é por que meu treinador muitas vezes é chefe de equipe que vai falar: “Eu quero colocar um atleta meu em 2016.” Não funciona desse jeito. O atleta tem de comprovar correndo. Existe uma situação mal interpretada, de falta de conhecimento, de falta de Inteligência. Eu trabalho forte para que meus resultados falem por mim. Eu tive a capacidade de me classificar para o Mundial e de ficar no top 20. Eu fiz o meu papel de correr. Se existe algo errado não sou eu que tenho de responder - disse Solonei.
A CBAt afirma que o critério de classificar maratonistas do top 20 do Mundial segue uma orientação da federação internacional.
- A IAAF assegura a participação do maratonista nos Jogos Olímpicos que ficar entre os primeiros do Campeonato Mundial. Esse documento, veio lá de trás, é antigo. E já estava na nossa página online antes do Mundial. Nós assimilamos essa orientação da IAAF. E colocamos como critério nosso, da CBAt, assegurar a participação do atleta que ficar entre os 20 no Mundial nos Jogos Olímpicos - afirmou Antonio Carlos Gomes, Superintendente de Alto Rendimento da CBAt.
Nesse clima de racha, os brasileiros medem força em uma distância diferente da corrida de rua olímpica - a maratona tem 42,195km, enquanto a São Silvestre tem 15km. Solonei encontrará Paulo Roberto, hoje seu maior crítico. Os dois, aliás, protagonizaram uma cena de união no Mundial de 2013, quando cruzaram a linha de chegada de mãos dadas - Solonei em sexto, e Paulo em sétimo.
Fora da briga pela maratona olímpica, Giovani dos Santos briga para ser mais uma vez o melhor brasileiro. O tetracampeão da Volta da Pampulha, que aposta nos 10.000m para chegar ao Rio 2016, foi o quinto colocado na prova do ano passado.
- Eu fiz um trabalho de altitude em Campos do Jordão, que ajuda bastante. Estou bem mais forte do que no ano passado. Eu espero fazer minha melhor marca na São Silvestre, espero baixar de 44min50s - disse Giovani.
O etíope Dawit Admasu defende o título e tem como principais adversários os quenianos Stanley Biwott (atual campeão da Maratona de Nova York) e Edwin Rotich (bicampeão da São Silvestre).
Entre as mulheres, Sueli Pereira e Joziane Cardozo são as principais brasileiras em ação e tentam superar as africanas. A etíope Ymer Ayalew defende o título contra as quenianas Maurine Kipchumba (campeã da São Silvestre de 2012) e Caroline Komen (Campeã da Maratona de São Paulo deste ano).
A 91ª São Silvestre tem largada da categoria cadeirante agendada para as 8h (de Brasília), na avenida paulista, na altura da Rua Frei Caneca. Às 8h40, a prova começa para a elite feminina e, 20 minutos depois, as outras categorias entram em ação. A TV Globo transmite ao vivo a prova a partir das 9h. O GloboEsporte.com acompanha tudo de perto a partir das 7h.
(Foto:infoesporte)
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