
O futebol para os brasileiros que se transferem ao exterior não é somente o glamour dos grandes salários ou a facilidade de cidades de cultura universal como Paris, Milão ou Madri. Cada transferência tem uma história de adaptação aos costumes locais, inclusão na sociedade e percepção dos limites em cada sociedade. Os atletas, claro, enfrentam diversas dessas barreiras em locais como China, Oriente Médio e Leste Europeu. Mas há personagens que vivem bem mais o dia a dia já que sua rotina não inclui treinamentos longos e viagens com a equipe. As esposas dos boleiros presenciam de perto as diferenças em relação ao Brasil e encaram como uma missão esse papel de ver, administrar essa diferença e seguir em frente.
China, por Marilisy Antonelli
China, por Marilisy Antonelli

Com sete milhões e meio de habitantes, Changchun carrega um pouco da modernidade do crescimento financeiro visto na China nos últimos anos. Mas, pelas ruas, a cultura local é algo tão presente quanto os altos prédios. Jogos com animais, comunicação dificultada e improvisos para curtir o melhor da cultura local. Marilisy Antonelli embarcou nessa aventura com o marido Marcelo Moreno, que veste a camisa do Changchun Yatai. Para ela, o famoso jogo "imagem e ação" nunca foi tão útil.
- Se vira na mímica. Imagem e ação mesmo, somos craques (risos). No inglês, no mínimo de chinês que eu sei... O bom é que as pessoas aqui se esforçam para entender, se não dão risada, dou risada e parte pra outra pessoa (risos) - disse Marilisy ao GloboEsporte.com.
A esposa do atacante boliviano coloca que já levou alguns "choques" com a cultura local. Ela vê animais sendo expostos na rua e fica com vontade de comprar todos para que não sofram. E para não comer carne de cachorro vale até mesmo um "muuuu" ao vendedor para explicar o que ela deseja. Em outra oportunidade, tentou salvar alguns coelhos levando-os para casa.
- Muita coisa engraçada a gente já passou aqui. Aqui tem muita carne de cachorro. Eu tenho medo de comer carne de cachorro. Já perguntei se a carne era de "muuuu" para ver se eles entendiam, bater asa para ver se era frango mesmo. Essas coisas assim. Já aconteceu de estarmos caminhando na rua e há essas feiras. A gente passou por um joguinho que você tinha que lançar a argola no coelhinho na gaiola. E eu comecei a chorar e fiquei muito chateada porque tinham coelhinhos que tinham morrido. Aí eu falei: "Vamos levar esses coelhinhos". A gente trouxe para casa, mas tivemos que dar para o motorista, pois não íamos conseguir criar.
- Se vira na mímica. Imagem e ação mesmo, somos craques (risos). No inglês, no mínimo de chinês que eu sei... O bom é que as pessoas aqui se esforçam para entender, se não dão risada, dou risada e parte pra outra pessoa (risos) - disse Marilisy ao GloboEsporte.com.
A esposa do atacante boliviano coloca que já levou alguns "choques" com a cultura local. Ela vê animais sendo expostos na rua e fica com vontade de comprar todos para que não sofram. E para não comer carne de cachorro vale até mesmo um "muuuu" ao vendedor para explicar o que ela deseja. Em outra oportunidade, tentou salvar alguns coelhos levando-os para casa.
- Muita coisa engraçada a gente já passou aqui. Aqui tem muita carne de cachorro. Eu tenho medo de comer carne de cachorro. Já perguntei se a carne era de "muuuu" para ver se eles entendiam, bater asa para ver se era frango mesmo. Essas coisas assim. Já aconteceu de estarmos caminhando na rua e há essas feiras. A gente passou por um joguinho que você tinha que lançar a argola no coelhinho na gaiola. E eu comecei a chorar e fiquei muito chateada porque tinham coelhinhos que tinham morrido. Aí eu falei: "Vamos levar esses coelhinhos". A gente trouxe para casa, mas tivemos que dar para o motorista, pois não íamos conseguir criar.

Emirados Árabes, por Marilia Nery
A esposa de Everton Ribeiro não sentiu tanto a diferença em Dubai, nos Emirados Árabes. Por ser uma cidade "universal", Marilia Nery acaba sempre encontrando o que necessitava. Apesar desse fator, a característica em relação à religião sempre está presente.
- Como aqui é uma cidade com 90% de estrangeiros, a gente não sentiu tanto esse baque de cultura. Quando a gente encontra mesmo a cultura é diferente. As mulheres (muçulmanas e que usam burkas) comem por baixo do pano. Umas andam sem nem mostrar os olhos. Tem das mais radicais às mais liberais. Umas usam apenas com lenço cobrindo cabelo e roupas normais. Outras são mais rigorosas. Nos estádios os homens usam bastante. Você vê o estádio todo branco com as roupas típicas. Na sexta-feira, os jogadores vão treinar com a roupa típica, pois eles fazem a adoração - afirmou Marilia Nery.
A esposa de Everton Ribeiro não sentiu tanto a diferença em Dubai, nos Emirados Árabes. Por ser uma cidade "universal", Marilia Nery acaba sempre encontrando o que necessitava. Apesar desse fator, a característica em relação à religião sempre está presente.
- Como aqui é uma cidade com 90% de estrangeiros, a gente não sentiu tanto esse baque de cultura. Quando a gente encontra mesmo a cultura é diferente. As mulheres (muçulmanas e que usam burkas) comem por baixo do pano. Umas andam sem nem mostrar os olhos. Tem das mais radicais às mais liberais. Umas usam apenas com lenço cobrindo cabelo e roupas normais. Outras são mais rigorosas. Nos estádios os homens usam bastante. Você vê o estádio todo branco com as roupas típicas. Na sexta-feira, os jogadores vão treinar com a roupa típica, pois eles fazem a adoração - afirmou Marilia Nery.

Everton e a esposa (Foto: Instagram)
A mulher do ex-jogador do Cruzeiro coloca uma peculiaridade sobre o Al-Ahli, clube em que o marido atua. Um dos centros de treinamento fica nos jardins do príncipe de Dubai, que é o dono do clube.
- Tem o sheik aqui de Dubai e o filho dele, o príncipe, que será o próximo sheik, ele é o dono do clube do Everton. Então algumas vezes ele aparece lá para cumprimentar os meninos. O presidente do clube é um super amigo dele que também é mais presente no dia a dia e acaba levando para ele o que precisa. Mas quem administra mesmo é o presidente. O príncipe é o dono e aparece algumas vezes. Até por eles terem chegado à semifinal da Champions pela primeira vez na história, eles tinham combinado de ir até a casa do príncipe para tirar fotos, mas foi bem no dia que o irmão do príncipe faleceu. Aí eles acabaram cancelando. Mas não é uma relação próxima com o sheik e príncipe. Acho que é como se fosse um presidente. As pessoas amam o sheik aqui principalmente os locais, pois eles têm todos os benefícios até por eles serem a menor parte da população eles têm muitos benefícios. Eles são muito amados aqui. Mas não têm uma relação próxima. Até o centro de treinamento do time fica no jardim de uma das casas do príncipe que é um centro de treinamento de última geração - disse Marilia, que busca também implementar um projeto social no país.
Ucrânia, por Gabriela Matias
Ucrânia, por Gabriela Matias

Gabriela Matias, mulher de Taison, que atua pelo Shakhtar, enfrentou uma situação um pouco mais grave. Em 2014, os conflitos entre Ucrânia e Rússia tomaram proporções maiores e Donetsk, cidade sede do time, acabou tomada por separatistas pró-Rússia. Eles tiveram que ir morar em Kiev, onde seguem até hoje.
- Essa parte foi bem complicada e posso dizer que assustadora que nos aconteceu. Foi em maio do ano passado. Estávamos em Donetsk ainda. Tudo começou em janeiro e em Donetsk estava tudo calmo. A gente pensava que não ia chegar até lá e não ia alcançar a proporção que alcançou. Mas nas duas últimas semanas antes de ir embora, a gente começou realmente começou a ficar com medo por ver soldados armados na rua. Fortemente armados mesmo. Eles começaram a invadir alguns prédios públicos, fechar ruas e foi bem assustador. Em duas semanas, que isso começou a se agravar e foi só o tempo de irmos embora. Fomos embora na sexta e na terça seguinte foi quando eles tomaram Donetsk e explodiram o aeroporto. Graças a Deus não aconteceu nada conosco e hoje moramos em Kiev. Conseguimos depois buscar nossos pertences porque ficou tudo lá. A gente saiu achando que ia ficar tudo bem e íamos passar as férias no Brasil de um mês e depois ia voltar para Donetsk. Não tínhamos noção. Achamos que iríamos perder tudo, mas conseguimos depois levar tudo para Kiev.
- Essa parte foi bem complicada e posso dizer que assustadora que nos aconteceu. Foi em maio do ano passado. Estávamos em Donetsk ainda. Tudo começou em janeiro e em Donetsk estava tudo calmo. A gente pensava que não ia chegar até lá e não ia alcançar a proporção que alcançou. Mas nas duas últimas semanas antes de ir embora, a gente começou realmente começou a ficar com medo por ver soldados armados na rua. Fortemente armados mesmo. Eles começaram a invadir alguns prédios públicos, fechar ruas e foi bem assustador. Em duas semanas, que isso começou a se agravar e foi só o tempo de irmos embora. Fomos embora na sexta e na terça seguinte foi quando eles tomaram Donetsk e explodiram o aeroporto. Graças a Deus não aconteceu nada conosco e hoje moramos em Kiev. Conseguimos depois buscar nossos pertences porque ficou tudo lá. A gente saiu achando que ia ficar tudo bem e íamos passar as férias no Brasil de um mês e depois ia voltar para Donetsk. Não tínhamos noção. Achamos que iríamos perder tudo, mas conseguimos depois levar tudo para Kiev.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte.
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