DM9, sobre sua importância para o tri do Santa: 'Sou um cara iluminado' Artilheiro coral foi decisivo em vários jogos da campanha tricolor marcando gols importantes, principalmente nos clássicos contra Náutico e Sport


Dênis Marques é 'o cara' do Santa Cruz. Fora das quatro linhas, faz o estilo polêmico e marrento, de quem não leva desaforo para casa. Em campo, é decisivo. Daqueles que costumam contrariar a defesa adversária e, muitas vezes, parece morto no jogo para, de repente, ser o herói com o gol da vitória. No tricampeonato pernambucano dos corais, Marques cresceu no momento certo, demonstrou forte personalidade e puxou a responsabilidade das finais para a camisa 9, como as grandes estrelas costumam fazer. Não basta ser. DM9 sabe que é 'o cara'.
Dênis Marques Foi decisivo para a conquista do tricampeonato  (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)
- Sou um cara iluminado, minha estrela brilha quando eu mais preciso. O atacante necessita ter frieza na finalização. Não adianta ficar nervoso. Nesse sentindo, sou uma pedra de gelo.
Dênis Marques, desta vez, não foi o artilheiro do Pernambucano. Mas, dos sete gols que marcou, quatro foram em clássicos contra Sport e Náutico. Decisivo, foi o homem a ser batido pelos rubro-negros na decisão.
Reconheço que marcar contra o Sport tem um gosto diferente."
Dênis Marques
- Evidente que temos que ter mais atenção com Dênis Marques. A equipe joga para ele e por ele, pois sabem que é decisivo. Às vezes, as situações conspiram para que isso ocorra. Precisamos evitar que a bola chegue nele - disse o técnico Sérgio Guedes, após ver o Sport perder a primeira partida da final, no primeiro lance do atacante.
O Leão da Ilha do Retiro é o adversário que Dênis Marques mais gosta de atrapalhar. Marcou nas duas finais que disputou contra os rubro-negros, em 2012 e 2013, levando o Sport a ser tri-vice do Pernambucano.
- Tenho dado sorte contra o Sport e reconheço que marcar contra o Leão tem um gosto diferente.
A caminhada para o título
Dênis Marques não apareceu apenas nos clássicos. Começou bem o estadual, marcando dois gols nas duas primeiras partidas, contra Pesqueira e Belo Jardim. Passou em branco na derrota para o Salgueiro, mas voltou a aumentar o repertório contra o Ypiranga. Um início promissor para apagar a maior decepção da temporada.
- Começamos o Campeonato Pernambucano com o peso do tropeço da Copa do Nordeste. Aquilo foi uma queda muito grande para a gente e para mim. Foi a minha reestreia. Poderíamos empatar, mas sofremos a virada no último minuto, em casa. Foi muito doloroso e demorou para passar, para ganharmos confiança.
 O bom começo de Dênis Marques não teve sequência. O jogador ficou quatro rodadas em branco, sendo anulado pelas defesas de Central, Chã Grande, Serra Talhada e Petrolina. Passou a ser questionado pelo jejum, principalmente por enfrentar equipes pequenas, porém foi contra um grande que Dênis despertou.
- O nosso ponto de virada coincidiu com o meu melhor jogo na competição. Ganhamos do Náutico, na 9ª rodada, por 2 a 0. Fiz um gol, dei assistências e tive várias chances. Joguei muito bem e daí embalei.
"Ato de indisciplina"
No entanto, o embalo do centroavante teve outra parada. Mas desta vez Dênis Marques não entrou em campo, sequer treinou, e esse foi o problema. O atacante perdeu um treinamento, aparentemente sem justificativa, foi punido e criticado. Já havia acontecido uma vez, na Copa do Nordeste. O diretor técnico Ataíde Macedo foi a público se queixar da estrela. Já no Pernambucano, o treinador Marcelo Martelotte não perdoou a ausência, que classificou como um ato de indisciplina.
Marrento e polêmico, Dênis Marques não deixou por menos e, assim como fez com Ataíde, respondeu ao treinador. Retrucou a acusação de Martelotte de que a diretoria não sabia da falta, nem o motivo que o levou a perder o treino. Disse que o chefe deveria se "informar melhor antes de falar de alguém" para a imprensa. Também afirmou não querer mais conversar com comandante, mas disse que iriam continuar trabalhando porque eram profissionais.
- Aquilo foi um mal entendido, no qual ambos estavam de cabeça quente. A diretoria não passou a informação correta para Marcelo, o que ocasionou a chateação dele. A imprensa também não colocou o que ele havia dito corretamente, editaram e acabei respondendo de maneira errada, pelo que li. Vimos que estávamos equivocados e voltamos ao normal. Não falamos nisso desde então.
Readmitido no time, Dênis Marques, ainda sob o mal estar da briga com Martelotte, foi escalado contra o Sport e novamente foi decisivo. Marcou um dos gols no empate por 2 a 2, num belo lance que é sua jogada característica: batida de paleta, colocada, no deslocamento do goleiro.
A sondagem alvirrubra
Na semifinal, contra o Náutico, o Santa Cruz ganhou a primeira partida por 1 a 0 e a vantagem de perder por um gol de diferença na volta, caso balançasse as redes nos Aflitos. Só que, para apimentar o clássico, na semana preparatória do segundo jogo, um representante do Timbu sondou DM9, o que deixou a diretoria tricolor indignada. O diretor de futebol Constantino Júnior classificou a atitude como antiética. Dênis preferiu calar. Somatizando o impasse anterior com Martelotte, o atacante passou evitar a imprensa e entrou numa lei de silêncio, negando entrevistas.
- Preferi não falar mais nada. Foi uma forma de evitar o assunto, pois todos queriam saber sobre essa sondagem do Náutico, na semana decisiva da semifinal. Sem falar em nome de clube, esse tipo de coisa acontece, é normal comigo e fico feliz pelo interesse que desperto - desconversou, incomodado, falando pela primeira vez no assunto.
A sondagem não caminhou e o Náutico sofreu a consequência. Quando ganhava por 1 a 0, o Timbu viu um pênalti marcado no meia Renatinho. Dênis Marques assumiu a responsabilidade e mandou para o gol, empatando a partida e decretando a classificação tricolor. O Náutico chegou a fazer mais um, mas não foi suficiente.
santa cruz x sport dênis marques (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)Dênis Marques fez o gol da vitória na primeira partida da final (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)
Na final, contra o Sport, depois de ter sido responsável pelo 1 a 0 do primeiro jogo, Marques foi determinante no segundo e novamente fez história na Ilha do Retiro. Com mais um título na casa do rival, DM9 foi para a galera, fez as pazes com os microfones, prometeu o sonhado acesso para a Série B do Brasileiro e declarou amor ao Santa Cruz. As tranças já são parte de um pequeno e vitorioso período do quase centenário Tricolor. Pela marra, pelas polêmicas e pelo faro de gol, impossível passar pelo tricampeonato coral sem falar em Dênis Marques. 

            Varjota Esportes - Ce.          /            Globoesporte

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