Neste sábado, o Atlético de Madri inaugura seu novíssimo estádio, o Wanda Metropolitano, que tem capacidade para 73.729 pessoas e que já é classificado como um dos melhores e mais modernos do planeta tanto pela Fifa quanto pela Uefa. O primeiro duelo será contra o Málaga, às 15h45 (de Brasília), pela 4ª rodada do Espanhol, e terá transmissão ao vivo da ESPN Brasil e do WatchESPN.
Para o duelo, o Atlético preparou uma grande festa, que contará inclusive com a presença do rei da Espanha, Felipe II, que acompanhará dos camarotes.
Os torcedores que forem chegando desde cedo também serão agraciados com muitas atrações, como a abertura da nova loja oficial e das fan zones para quem não conseguiu ingressos, atividades para crianças e um happy hour com tinto de verano (bebida típica espanhola), cerveja, sucos e refrigerantes a 2 por 1.
Como quase toda grande obra, a arena colchonera não saiu barata: custou 306 milhões de euros (R$ 1,146 bilhão), sendo 240 milhões de euros (R$ 899 milhões) na construção e o restante em obras dos arredores, impostos e exigências da prefeitura da capital espanhola, como o preço do terreno (30,4 milhões de euros, ou R$ 113,74 milhões).
A equipe alvirrubra teve que assumir, por exemplo, o custo das obras de urbanização do entorno, que ficaram em 29,8 milhões de euros (R$ 111,5 milhões), além de também fazer 4 mil vagas de estacionamento ao redor do Metropolitano, que serão utilizadas por torcedores em dias de jogos, mas depois tornar-se-ão de uso público nos dias normais para quem quiser parar o carro na região.
Mesmo antes do início da construção, em 2013, o Atlético parecia ter o plano perfeito para ajudar a quitar todo esse montante: em um acordo firmado com a prefeitura, o clube iria ceder um setor do estádio para servir como base do Samur, o serviço de atendimento de emergência que corresponde ao Samu brasileiro.
Além disso, o clube iria ceder de 500 a 1 mil ingressos à prefeitura a cada partida de La Ligaou da Copa do Rei, ao preço de 40 euros (R$ 150), como forma de abatimento de impostos.
Contudo, isso acabou sendo proibido, já que, quando Madri perdeu a eleição para ser sede dos Jogos Olímpicos de 2016, que acabaram sendo no Rio de Janeiro, a arena deixou de ser candidata a ser o Estádio Olímpico da cidade no evento, o que tornou a obra exclusiva para uso privado (no caso, os jogos do Atlético).
Com isso, as leias espanholas proibiram esse tipo de ajuda do Estado a uma entidade particular, e o plano da "base do Samu" acabou indo para o brejo.
O que parecia ter virado um problema, porém, foi solucionado com maestria.
- Negócio da China
Em 2014, o Atlético de Madri vendeu 20% de suas ações por 45 milhões de euros (R$ 168,37 milhões) ao grupo chinês Dalian Wanda, que possui uma série de negócios na China, como shopping centers, cinemas e hotéis de luxo.
De cara, isso ajudou a agremiação a equacionar a antiga dívida de 200 milhões de euros com o fisco espanhol - algo que "afogou" os colchoneros em anos de crises e fracassos antes de sua atual era de ouro.
Depois, a equipe acertou a venda dos naming rights de seu CT por 15 milhões de euros (R$ 56 milhões) e também de estádio para o próprio conglomerado chinês, em um acordo de uma década que renderá mais 10 milhões de euros (R$ 37,41 milhões) por ano aos cofres alvirrubros.
Com isso, os asiáticos irão injetar um total de 165 milhões de euros (R$ 617,38 milhões) no Atlético ao longo de 10 anos.
Isso é suficiente para pagar mais da metade do custo da construção do novo estádio (os 306 milhões de euros).
A entrada de dinheiro chinês também permitiu aos clube começarem a criar uma teia para expandir a marca pelo mundo e revelar novos jogadores.
Para isso, foi criada uma filial do Atlético na Índia, um dos mais novos (e ricos) mercados do futebol. Ademais, foram compradas 34% das ações do Lens, tradicional equipe da França - e conhecida por sua boas categorias de base - que passará a ser usada como centro de desenvolvimento de atletas pelos madrilenhos.
Mas de onde vem o restante do dinheiro que o Atlético vai usar para pagar o Metropolitano? A resposta tem nome e sobrenome.
- Simeone 'paga' o resto
Não é segredo para ninguém que o técnico Diego Simeone transformou o Atlético de Madri da água para o vinho.
Quando o argentino chegou à equipe, em dezembro de 2011, o time estava completamente endividado, no fundo da tabela do Campeonato Espanhol, havia sido eliminado da Copa do Rei pelo Albacete, da 3ª divisão, e não tinha nem patrocinador master. A consultoria Deloitte o colocava como 25º mais rico da Europa (atrás de times como Schalke 04 e West Ham), e apenas o 5º da Espanha.
Seis anos depois, os colchoneros vêm de duas finais recentes de Uefa Champions League e títulos de La Liga, Copa do Rei, Supercopa da Espanha, Supercopa da Uefa e Liga Europa.
O faturamento quase triplicou (dos 100 milhões de euros para os atuais 280 milhões de euros), os sócios pularam de 60 mil para 87 mil e a Deloitte hoje o considera o 11º time mais rico do mundo. Aquela dívida "monstruosa" de 200 milhões de euros com o fisco, por sua vez, já está quase encerrada.
Ninguém faz nada sozinho, mas certamente dá para dizer que o Cholo, com seu estilo aguerrido e meio louco, além de seu lema ("O coração em campo iguala qualquer orçamento"), teve grande parte de responsabilidade pelo sucesso.
O plano da diretoria alvirrubra é torná-lo um "novo Alex Ferguson". Não à toa, ele renovou recentemente seu contrato com a equipe madrilenha até 2020, o que já o deixará com nove anos no cargo ao final deste período.
Com o "Cholo", os cartolas têm certeza que o Atlético estará sempre disputando as primeiras posições da tabela do Espanhol e também brigando pela taça na Champions, a consequência é estádio sempre cheio e torcida animada, o que significa entrada de muito dinheiro com bilheteria e direitos de TV.
O carisma do argentino também é responsável por gerar muitos milhões para a equipe de Madri, principalmente com marketing e na internet. Desde que ele assumiu como treinador, o Facebook do clube passou de 4 para quase 14 milhões de likes, por exemplo.
Além disso, o sucesso em campo trouxe fontes diversificadas de renda. Hoje, o Atlético excursiona para promover a marca do time na Ásia, na América Latina e nos Estados Unidos durante as pré-temporadas. A camisa nunca esteve tão em alta, com um vantajoso contrato com a Nike, cada vez mais patrocinadores e aumento de 25% das vendas de uniformes desde 2014.
Bom de mercado, Diego também transformou o Atlético em uma máquina de fazer dinheiro no mercado da bola, comprando jogadores jovens, desconhecidos ou em má fase por valores baixos e depois os vendendo por quantas exorbitantes (isso depois de "espremer" todo o potencial do atleta), como nos casos dos atacantes Diego Costa e Jackson Martínez ou do meia Arda Turan, por exemplo.
- Orçamento não para de crescer
A era de ouro do Atlético nas mãos de Simeone fez o clube sair da crise para se tornar um dos clubes mais ricos do mundo. O orçamento aumenta ano a ano, e o céu parece ser o limite para a diretoria colchonera.
Quando o "Cholo" assumiu, em 2011, o clube faturava meros 124 milhões de euros (R$ 464 milhões, na cotação atual) por ano.
Já nesta semana, o jornal Marca publicou que os cartolas do clube já aprovaram uma receita de 343 milhões de euros (R$ 1,283 bilhão) para a próxima temporada, disparado o maior valor da história do clube - o recorde anterior era de 280 milhões de euros (R$ 1,047 bilhão), na temporada passada.
E as previsões são ainda mais ambiciosas.
Na reunião, o presidente da agremiação, Enrique Cerezo, disse que a meta é chegar a um orçamento próximo de 400 milhões de euros (quase R$ 1,5 bilhão) até a temporada 2019/20 - ou seja, a distância para os poderosos Real Madrid e Barcelona vai ficando cada vez menor.
Com tanto dinheiro entrando, fica fácil pagar o Metropolitano.
E o futuro parece brilhante (e cheio de dinheiro) para o Atlético de Madri.
Varjota Esportes - Ce. / MSN.
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