De família pobre do sertão, Teliana chega ao auge em carreira improvável Pernambucana só virou atleta porque seu pai abandonou o corte de cana para ser servente de pedreiro na construção de uma academia de tênis

 
Teliana Pereira infância tênis (Foto: Reprodução/Facebook) 

Ao ser campeã do WTA de Bogotá e quebrar um jejum de 27 anos no tênis feminino, Teliana Pereira chegou ao ápice de uma improvável carreira no tênis. Ser a primeira brasileira a levantar o caneco de um torneio de primeira linha desde 1988 é uma façanha, mas não a maior da vida dessa atleta de 26 anos. Isso porque a número 1 do Brasil e 81 do mundo teve de superar uma infância à margem da miséria no pobre município de Águas Belas, no sertão pernambucano, antes de triunfar no esporte. Ela só virou atleta um dia porque o seu pai, José Pereira da Silva, decidiu largar a dura vida de cortador de cana para migrar com ela – então uma criança de 8 anos –, a esposa, Maria Nice, e os outros seis filhos do casal, para tentar a sorte em Curitiba. 
Na capital paranaense, o patriarca da humilde família Pereira conseguiu um emprego de servente de pedreiro na construção de uma academia de tênis. Terminada a obra, acabou sendo contratado pelo francês Didier Rayon, proprietário do local, para cuidar das quadras. Foi lá que a campeã em Bogotá começou como catadora de bolinha. Mas logo, Teliana mostrou talento para o esporte da bolinha amarela, e não parou mais.
- Eu não vejo a hora de reencontrar a minha família, em Curitiba, para abraçar todos eles e comemorar o meu título em Bogotá. Eles são muito importantes para mim. Como vou viajar para o Marrocos amanhã (terça-feira) à tarde (para o WTA de Marrakesh), eu vou poder tomar café da manhã com a minha mãe. Isso é uma grande alegria - afirmou Teliana, em São Paulo, onde ficou algumas horas nesta segunda para entrevistas e compromissos com patrocinadores.
Teliana Pereira tênis coletiva SP (Foto: David Abramvezt)
Teliana Pereira concede entrevista coletiva nesta segunda-feira, em São Paulo (Foto: David Abramvezt)
Assim como a filha mais famosa, "seu José" também prosperou na vida profissional. De servente de pedreiro na obra de uma academia, virou empresário no ramo de construção de quadras de tênis, em Curitiba. E não foi apenas a menina que tomou gosto pelo tênis, pois José Pereira Júnior, de 24 anos, um dos irmãos de Teliana, também é tenista profissional. Companheiro de viagens da nova estrela do tênis feminino nacional, ele é o número 7 do Brasil e 352 do mundo.
- Eu viajo bastante com meu irmão para as competições e isso é muito bom para mim e para ele. Torcemos sempre muito um pelo outro e nos ajudamos bastante.
Leia: Teliana sobe quase 50 posições no ranking da WTA após título em Bogotá
Teliana Pereira José Pereira irmãos tênis (Foto: Reprodução/Facebook)
Teliana seu irmão José costumam viajar juntos para alguns torneios (Foto: Reprodução/Facebook)
O título do WTA de Bogotá rendeu US$ 43 mil (cerca de R$ 130 mil) a Teliana, que já soma US$ 496,8 mil (R$ 1,5 milhão) em premiações na carreira profissional iniciada em 2005. A conta foi engordada com as conquistas de 22 canecos de simples e 10 de duplas em torneios do circuito ITF, série secundária no circuito mundial de tênis.
- Esse título de WTA me deu muita confiança. Acredito muito mais no meu tênis e espero conseguir manter o nível para conquistar mais títulos e resultados bons em competições importantes.
O maior objetivo a curto prazo de Teliana é tentar brilhar em Roland Garros, entre o fim de maio e o começo de junho. Jogado no saibro, piso preferido da pernambucana, o Grand Slam francês é o torneio que mais mexe com o coração da número 1 do Brasil. No ano passado, ela disputou pela primeira vez a competição que tem Gustavo Kuerten como tricampeão e conseguiu avançar à segunda rodada.
- Eu amo Roland Garros e vou fazer de tudo para conseguir jogar bem e ir o mais longe que eu puder. Ainda preciso evoluir bastante as partes técnica, física e mental, mas vou trabalhar muito para jogar cada vez melhor.
Teliana Pereira campeã WTA de Bogotá tênis (Foto: Divulgação)
Teliana Pereira ergue o troféu de campeã do WTA de Bogotá, na Colômbia (Foto: Divulgação) 


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