Com uma dose considerável de sofrimento e outro punhado de polêmica, o
Fluminense manteve nove pontos de folga sobre seu concorrente mais próximo, que
agora é o Atlético-MG. O líder do Brasileirão venceu a Ponte Preta por 2 a 1,
de virada, após levar gol no primeiro minuto da partida em São Januário. Os
lances do triunfo tricolor foram questionáveis: o de Fred nasceu de um pênalti
inexistente, em toque de mão de Luan, e o de Gum se originou em falta
discutível sobre Marcos Junior.
A atuação do Fluminense, que jogou diante de 16.029 pagantes, não foi
das melhores. Ganhou mais no sufoco do que na qualidade depois de Luan abrir o
placar para a Ponte Preta - que mais matou tempo do que jogou futebol no
segundo tempo. No fim, alívio para o líder, que conseguiu manter a distância de
nove pontos sobre o Atlético-MG (68 contra 59), que também virou seu jogo - 2 a
1 sobre o Sport. O Grêmio, outro concorrente, empatou por 1 a 1 com o Botafogo
e ficou com 57. É justamente o próximo adversário do Flu, quarta-feira, no
Engenhão.
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A Ponte Preta segue com 37 pontos. É a 14ª, dez à frente da zona de
rebaixamento. O time de Campinas volta a campo na quinta-feira, no Recife,
contra o Sport.
O Fluminense, até este domingo, havia saído atrás no placar em seis das
29 partidas. E virara apenas uma delas. A segunda veio em uma cabeçada de Gum
aos 43 minutos do segundo tempo.
- Papai do Céu tem me abençoado. Sou um cara feliz, é um momento
especial, e fico feliz de poder ter feito esse gol decisivo e ajudado o
Fluminense nessa reta final do campeonato, que é muito difícil. Nós queremos o
título - afirmou Gum.
Fred fez seu 15º gol no campeonato, o quarto de pênalti, e continua
empatado com o são-paulino Luis Fabiano, que marcou na vitória por 2 a 0 sobre
o Figueirense. Bruno Mineiro, da Portuguesa, tem 14.
Zagueiro voador: Gum abre braços para comemorar gol de cabeça (Foto:
Dhavid Normando/Photocamera)
Gol
precoce
Três toques de perna direita: o domínio, a ajeitada para encaixar o
corpo e a conclusão. Um segundo de viagem no espaço para a bola: da chuteira de
Luan até o ângulo de Diego Cavalieri. E uma revolução nas perspectivas do líder
do Campeonato Brasileiro para a partida em São Januário. Com um minuto de jogo,
o golaço do atacante da Macaca já deixou o Fluminense na obrigação de uma
virada.
O time tricolor não está acostumado a sair atrás no placar. Mas não
tinha jeito: era tentar mudar o panorama ou sofrer com a desconfiança da
aproximação dos rivais na tabela. O gol modificou o comportamento habitual do
Fluminense, que ficou mais apressado. Um exemplo: alçou 14 bolas na área apenas
no primeiro tempo, contra 18 do jogo inteiro na rodada anterior, diante do
Bahia. Mesmo assim, a bola mal chegou a Fred, que somou apenas três passes nos
45 minutos iniciais.
A Ponte não se constrangeu: abraçou a vitória parcial, mesmo tão cedo, e
tratou de tomar conta dela. Quatro jogadores levaram cartão amarelo antes do
intervalo - ou por matar jogadas do adversário, ou por ganhar tempo, caso do
goleiro Edson Bastos.
A necessidade de virada não deu ao Fluminense as armas necessárias para
emparedar a Ponte. A posse de bola foi dividida quase ao meio: 52% para os
cariocas, 48% para os campineiros. Mas o Tricolor teve lá suas chances.
Duas delas foram claras. Na primeira, Wagner recebeu pela esquerda e concluiu cruzado, muito perto da trave esquerda de Edson Bastos. Na segunda, Digão surpreendeu ao chegar ao ataque e bater colocado, buscando o ângulo. O goleiro da Ponte voou para espalmar a escanteio.
Duas delas foram claras. Na primeira, Wagner recebeu pela esquerda e concluiu cruzado, muito perto da trave esquerda de Edson Bastos. Na segunda, Digão surpreendeu ao chegar ao ataque e bater colocado, buscando o ângulo. O goleiro da Ponte voou para espalmar a escanteio.
Fred comemora em São Januário o seu 15º gol no nacional (Foto: Dhavid
Normando / Photocamera)
Pressão e
virada
Abel Braga percebeu que seu sistema ofensivo, com Rafael Sobis
intercalado com Wellington Nem na aproximação a Fred, não funcionou no primeiro
tempo. Wagner também foi discreto. Por isso, o treinador decidiu tirar Sobis e
colocar Marcos Junior já na largada do segundo período.
O Fluminense sabia que precisava pressionar seu oponente até o limite do
suportável. E a Ponte tinha consciência de que os três pontos valiam ouro. O
time visitante resolveu radicalizar um processo já visível no primeiro tempo:
matar o máximo possível de tempo.
O projeto da Macaca deu mais certo do que o do Flu até os 30 minutos - e
fracassou depois. A Ponte demorou para ser encaixotada em sua defesa. O
Tricolor teve muito mais posse e, justamente por isso, criou suas chances. Mas
aí apareceu Edson Bastos. O goleiro da Ponte fez duas grandes defesas antes de
a segunda etapa chegar à metade: uma em conclusão de Wellington Nem, livre na
área, outra de reflexo, em desvio perigoso da defesa.
Conforme passava o tempo, aumentava o sufoco imposto pelos tricolores.
Para piorar o drama da Ponte, Wendel foi expulso. Mas o gol do Flu não saía.
Fred mandou cobrança de falta a milímetros da trave esquerda da Ponte.
Incrível.
Passava dos 30 minutos, e Samuel era a última esperança do Flu. Pois foi
justamente em uma jogada com o atacante que saiu o empate. Ele desviou na bola,
que foi na direção de Luan e bateu em sua mão. O árbitro deu pênalti. Fred
cobrou no meio do gol e igualou o jogo - Edson Bastos ainda desviou de leve.
O jogo virou uma bomba-relógio. Renasceu a chance de vitória para o
Fluminense. E ela veio com a cabeça de Gum. Marcos Júnior foi ao chão pela
direita em disputa com Renê Júnior. O auxiliar levantou a bandeira com a mão
esquerda, apontando falta de ataque. O árbitro Nielson Nogueira Dias marcou
falta de defesa. Wagner cobrou, o zagueiro desviou, e o Fluminense garantiu
mais uma vitória decisiva na caminhada que parece destinada a ter o título
nacional como ponto de chegada.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
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