Rogério Ceni pisou no gramado do Morumbi pela quingentésima vez. A
palavra é feia, mas a marca de 500 jogos na sua casa é rara e bela. Para
presenteá-lo, o São Paulo resolveu dar o que o goleiro mais gosta: dedicação,
raça, vontade e disposição. Receita que, mesmo executada por apenas 30 minutos,
foi fatal para o frágil Figueirense. A vitória por 2 a 0 e mais a derrota do
Vasco para o Santos pelo mesmo placar levaram o Tricolor pela primeira vez ao
G-4 do Brasileirão. O time catarinense está ainda mais perto do rebaixamento.
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Primeira vez também de um time paulista na zona de classificação à
Libertadores de 2013. Com um roteiro esperado pelos 27.641 torcedores que foram
ao Morumbi. Assistência do garçom Jadson, gol do artilheiro Luis Fabiano, que
chegou a 15 no Brasileirão deste ano e 83 na história do torneio, igualando o
recorde de Serginho Chulapa como maior artilheiro são-paulino no campeonato.
O Figueira não mostrou nada que possa alentar sua torcida sobre a chance
de ficar na Primeira Divisão. Sem força, sem reação, sem muito talento e sem
ânimo. A equipe é penúltima na tabela, com 25 pontos, dez atrás do Bahia, o
primeiro fora da zona de rebaixamento. Já o São Paulo chegou a 52 e abriu dois
do Vasco.
Uma situação que pode ficar ainda melhor, já que na quinta-feira os
comandados de Ney Franco receberão o lanterna Atlético-GO no Morumbi. Na
quarta, o Figueirense vai ao Beira-Rio para mais um difícil duelo. Agora diante
do Internacional, outro postulante à Libertadores.
Jogadores celebram o gol de Douglas (Foto: Wander Roberto /
Agência Vipcomm)
No
Morumbi, Luis Fabiano iguala Chulapa, e Ceni vibra no jogo 500
Parecia um replay dos últimos dois jogos, contra Palmeiras e Vasco. O
São Paulo amassou o Figueirense aos poucos, como manda o figurino do anfitrião
que é muito superior tecnicamente. Com uma marcação adiantada e passes rápidos,
o surpreendente Paulo Miranda criou a primeira chance em um chute de pé
esquerdo.
As laterais eram mesmo o caminho. Cortez passou por Elsinho com belos
dribles, mas não conseguiu acertar o cruzamento. O Figueirense tinha Ronny e
Julio Cesar alinhados no meio e Aloísio isolado na frente. O centroavante, que
tem grandes chances de mudar de lado e defender o São Paulo no ano que vem,
tentou fazer o pivô para os companheiros, que não aproveitaram. Depois, tentou
para ele mesmo, num giro rápido que terminou em finalização ruim.
"Que inveja desse Luis Fabiano...", deve ter pensado o
provável futuro companheiro. Além de todo seu talento, tem um assistente como
Jadson. O camisa 10, que alguns torcedores insistem em não valorizar, cobrou
escanteio na cabeça do Fabuloso, que, sozinho, aos 13 minutos, abriu o placar,
beijou o símbolo e apontou para o "aniversariante" Ceni, que
retribuiu com aplausos. Foi a nona assistência de Jadson, que disputou todas as
30 partidas do São Paulo na competição.
O gol fez o time aumentar a marcação no campo de ataque. Em chegada
rápida, Osvaldo e Luis Fabiano tentaram, Helder salvou o Figueira uma vez, mas
não impediu que Douglas, após passe de Maicon, fizesse o segundo, aos 20
minutos. E dá-lhe aplausos de Ceni. Sem pressão dos catarinenses, o goleiro
devia estar gelado na fria tarde paulistana. Tanto que correu para bater uma
falta no ataque e acertou a barreira.
O Figueirense adiantou sua linha de meio, com Coutinho e Claudinei, e o
time ficou mais compacto. Equilibrou mais a partida, mas não o suficiente para
assustar a torcida.
São Paulo
diminui ritmo, mas Figueira não reage
O segundo tempo começou com as arquibancadas em polvorosa graças ao
placar eletrônico, que anunciou o segundo gol do Santos sobre o Vasco na Vila
Belmiro. Mas a passividade do São Paulo diante de um Figueirense sem recursos
desanimou o público. Demorou mais de dez minutos para a equipe acordar nos pés
de Osvaldo, que deu duas arrancadas. Nada sensacional, mas os tricolores só
precisavam de um empurrãozinho para fazer festa.
Tanto que morreram de rir e vaiar quando o árbitro Leandro Vuaden se
chocou com Jadson, impediu um contra-ataque tricolor e acabou levando a pior.
Teve até que ser atendido pelo departamento médico do São Paulo. Dor na mão e
dor no ouvido, que sofreu com as reclamações de Luis Fabiano. O atacante caiu,
caiu, caiu... E nada de falta marcada.
O jogo seguia no marasmo, a temperatura baixava e Rogério se aquecia. As
chegadas do Figueira, principalmente com Julio Cesar pela esquerda, não levavam
perigo. O goleiro quase comemorou novamente quando Jadson chutou de longe e a
bola raspou a trave de Wilson. Depois, o meia achou Luis Fabiano livre na área,
mas o toque do centroavante foi muito forte.
Apesar da queda de rendimento de jogadores como Douglas e Maicon, Ney
Franco demorou demais a mexer. Casemiro e Cícero entraram tarde demais, aos 36
minutos. O técnico colaborou com o marasmo que tomou conta do Morumbi. Aloísio
teve boa chance quando Julio Cesar deixou a bola passar de propósito, mas
finalizou muito mal. Depois, arriscou uma bicicleta e, finalmente, fez Ceni
trabalhar.
"Tá chegando a hora", cantava a torcida. O jogo ruim fez com
que ela demorasse a chegar. Mas chegou! O São Paulo completou três vitórias
seguidas, três jogos consecutivos sem sofrer gol, sete sem perder, e alcançou o
tão sonhado G-4. A Libertadores começa a virar realidade.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
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