Jürgen Klopp já declarou que é adepto de fortes emoções. Esse é o tom de sua carreira, tanto como técnico quanto jogador. Dentro das quatro linhas, o alemão de 45 anos fez o caminho mais incomum entre os profissionais. Na metade da carreira nos gramados, escolheu trocar a posição de atacante pela de defensor. Nada mais arriscado e emocionante do que reaprender o posicionamento em campo. Mas emoção não é sinônimo de falta de organização. Para o comandante do Borussia Dortmund, a disciplina é vital.
- Gosto de emoções em minha filosofia. A disciplina é muito importante. Sem essas duas coisas, não se pode jogar futebol bem – afirma o treinador.
Os dois ingredientes foram usados diante do Real Madrid para a significativa vitória por 4 a 1 na última quarta-feira pela Liga dos Campeões. Na coletiva logo após o jogo, Klopp tratou logo de alertar seu elenco para que não encarasse o resultado como classificação garantida.
As suas entrevistas, aliás, são uma atração à parte. O treinador não faz o estilo cômico nem polêmico, mas gosta de dizer o que pensa.
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- Jürgen Klopp não chega ser uma pessoa polêmica, porque ele é muito inteligente e não procura confronto. Mas sempre diz o que pensa. Já na época quando era técnico do Mainz 05 foi conhecido pelo bom humor e entrevistas divertidas. Mas não seria justo vê-lo como um tipo de brincalhão ou palhaço. Pelo contrário, ele tem um jeito de ser engracado, mas por outro lado possui muita competência – analisa Solveig Flörke, jornalista alemã, que trabalha como correspondente no Brasil desde 2008 para o canal de TV WDR.
O comportamento 'boa gente' também se reflete pela tranquilidade em casa ao lado da esposa Ulla, em seu segundo casamento, e os dois filhos.
- Nossos dois filhos, minha Ulla e eu formamos uma família perfeita - diz Klopp quando se refere à vida pessoal.
As declarações espontâneas tornaram Klopp popular não somente entre os torcedores do Borussia Dortmund. No último carnaval alemão, uma das fantasias escolhidas nas ruas era a do treinador: uniforme do time, óculos e os cabelos esvoaçantes loiros. E as homenagens não param por aí. Um grupo de comediantes de um canal local tem em seu elenco de personagens uma imitação do técnico.
O estilo nas roupas também é único. O comandante da seleção alemã, Joaquim Low, com seus ternos bem alinhados não serve como exemplo. Bem longe disso. Klopp não gosta de vestir paletó e gravata. Aposta sempre no mais confortável. Gosta de usar o uniforme do clube na beira do campo. Mas precisou se render a trajes mais elegantes para os jogos da Champions. Os óculos com largas armações pretas, porém, não foram deixados de lado.
- Ele usa terno na Champions, pois diz que é mais fino. Mas na Bundesliga ele é mais informal – diz o zagueiro brasileiro Felipe Santana, um dos comandados de Klopp.
Se o visual não corresponde ao perfil exibido pelos grandes técnicos da Europa, o estilo de jogo também é um pouco diferente. Ao ser perguntado sobre a escolha de Mario Götze, uma das estrelas do Borussia, de ir jogar no Bayern do futuro treinador Pep Guardiola , Klopp brincou:
- Ele é um jogador que Pep Guardiola quer. Isso quer dizer que, se alguém tem culpa da decisão de ele ir embora, esse alguém sou eu. Afinal, não posso diminuir 15 centímetros, aprender espanhol, propor a ele um futebol tão dinâmico nem defender o 'tiki-taka'. Isso é impossível - afirmou Klopp, na coletiva logo após o anúncio da venda de Götze ao Bayern.
O jeito conversador também se reflete com os jogadores da sua equipe. Ele atua por diversas vezes como o 'paizão' do grupo, com conselhos como o dado para Götze não enlouquecer de felicidade pelo acerto com o Bayern. É comum ver ao final de cada partida o treinador abraçando cada um dos seus atletas.
- Ele se comunica muito bem. Sabe a hora de brincar e a hora de falar sério. Ele motiva muito o nosso time. É legal você olhar para o campo e ver o treinador vibrando - afirma Santana.
Para o confronto decisivo da próxima terça-feira, no jogo da volta da Liga dos Campeões, diante do Real Madrid, no Santiago Bernabéu (o GLOBOESPORTE.COM acompanha em Tempo Real às 15h45m), Klopp tem a missão de provar que não foi apenas um momento isolado de brilho no último confonto. Seus comandados sabem que têm essa missão.
- O Klopp sabe a equipe que tem na mão. Nós sabemos o que ele espera da gente.- finaliza o zagueiro brasileiro.
* Colaboração de Clícia Oliveira.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
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