Está salvo, vivo e renovado o “Projeto Libertadores”. Não fez chover, como sugere a cidade de Talcahuano, cuja tradução é “céu trovejante”, mas o Grêmio arrancou o empate, resultado necessário para se classificar às oitavas de final. Com o triunfo do Fluminense sobre o Caracas, acabou em segundo do Grupo 8 e vai enfrentar o Santa Fé-COL, decidindo o mata-mata fora de seus domínios, em data a ser definida e sem Zé Roberto, autor do gol que levou o terceiro cartão amarelo - Aceval empatou aos 43 do segundo tempo, dando contornos dramáticos ao até então jogo mais importante do semestre para o Grêmio.
A classificação sofrida, o espetáculo em campo, deu vaga a um clima de guerra assim que o juiz encerrou a partida. O técnico do Huachipato, Jorge Pellicer, invadiu o campo e se estranhou com Vanderlei Luxemburgo, gerando briga generalizada no gramado, com direito a invasão de torcedores.
Embora o 1 a 1 em cima da hora, a partida desta quinta, na portuária Talchuano, a 500 quilômetros da capital Santiago, mostrou que, na clarividência do capitão Barcos às defesas seguras de Dida, o time de Vanderlei Luxemburgo mostrou que há algo além daquela equipe insossa, sem brilho nem gols dos últimos jogos do Gauchão - aliás, o Estadual é a próxima parada gremista. Enfrenta o São Luiz, na segunda, pelas quartas de final da Taça Farroupilha.
Casa cheia e Barcos de capitão
Sempre abaixo dos 5 mil na Libertadores, a torcida do Huachipato desta vez atendeu o chamado, aproveitou a promoção de dois ingressos por um e encheu o pequeno estádio CAP. Encheu, mas não lotou. Com alguns espaços vazios, não chegou a 10 mil espectadores. Mesmo assim, todos os chilenos gritaram em uníssono por dois nomes em especial: o então artilheiro da Libertadores, Braian Rodríguez, e... Vargas. Sim, valeu mais a nacionalidade do atacante gremista do que a momentânea rivalidade.
A novidade mesmo ficou por conta de Vanderlei Luxemburgo, que alçou Barcos a capitão. Uma exceção à regra, para aproveitar o castelhano afiado do argentino. A longo prazo, o dono da braçadeira segue sendo Zé Roberto. Aliás, o meia virou atacante, compondo uma linha de três, com Vargas e Barcos. Foi a surpresa maior de Luxa, sem poder contar com Elano, lesionado, e usando também três volantes.
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E o jogo começou à feição do Grêmio. Um Huachipato afobado, primando pelo atropelo, deu espaço ao tão almejado contragolpe tricolor. Vargas se sentiu à vontade no lado direito, enquanto Zé ocupava a ponta oposta. A primeira chance, inclusive, foi brasileira. Pará cruzou, a bola viajou às costas da zaga e caiu na cabeça de Barcos. O Pirata, sem cavanhaque, mas com fome de gol, até porque não marcava fazia seis jogos, torneou, mas errou o alvo, aos seis minutos. A resposta foi instantânea. A jogada, pelo alto, conforme anunciado e alertado pelo próprio Grêmio. Braian Rodríguez levou a melhor sobre Bressan, substituto de Cris, suspenso. Mas parou nas mãos gigantes de Dida. O estádio, enfim, se transformou num caldeirão com o frisson pelo gol iminente.
Mas logo voltar a emudecer. Aos 17, Barcos tinha a frente dois zagueiros e um balão torto da zaga. Transformou o obstáculo em chance de gol. Desvencilhou-se dos dois e chutou por cima. Poderia até ter servido Zé Roberto, que passou zunindo ao seu lado. Pouco tempo depois, Pará demorou a passar para o camisa 10, que levou as mãos ao céu enquanto saltitava tamanha a bronca com o erro do colega.
Zé do ataque resolve a parada
Quem errou mesmo foi Fernando. Saiu jogando de maneira displicente, perdeu a bola, que foi aberta para o lado direito. Caiu no pé de quem? Braian Rodríguez. O artilheiro ingressou livre na área. O chute forte só não virou gol porque Dida espalmou, em milagrosa defesa. Isso aos 29. Cinco minutos antes, Alex Telles entrara na vaga de Adriano, lesionado. André Santos assumiu o meio-campo e o garoto foi à lateral-esquerda - estava fora desde 24 de fevereiro, quando fraturou a face no Gre-Nal, pelo Gauchão.
Aos 32, André Santos, mais avançado, lançou Barcos, que aparou de cabeça. Ela chegou até Zé com o camisa 10 de costas. Mas, enfim, chegou, após duas tentativas frustradas. Criativo, tirou um movimento de puxeta para não precisar dominar a bola. Veloso sujou o impagável uniforme rosa em vão: Grêmio 1 a 0, de Zé Roberto, o Zé da galera, do gol e, nesta noite, do ataque.
Luxa, que deu pulinhos e urros de indignação com o erro anterior de Fernando, desta vez abriu o sorriso, abraçou os integrantes do banco de reservas. Um gol que valia muito, pois o Huachipato precisaria virar para arrancar a classificação do Grêmio. O que não conseguiu no primeiro tempo, que chegou ao fim com inabalável cantoria dos “hinchas” chilenos.
Fora da partida por lesão, Marco Antonio acompanhou a partida ao lado de Cris, Busatto, Willian José e Jean Deretti. Ao deixar o espaço e ir ao corredor, foi abordado por um torcedor. Eufórico, ele recomendou:
- Agora, tem que furar a bola!
Huachipato assustou, mas vaga é brasileira
Que nada. O Grêmio seguiu fazendo o que, em tese, o seu grupo sempre teve potencial: jogar bom futebol, em vez de apenas se retrancar. Mas é fato que foi bastante fustigado pelo Huachipato, embora sem chances claras de gol.
O perigo maior era os cruzamentos, que, muitas vezes, passavam como se fossem chutes, de tão venenosos. A melhor delas foi aos oito minutos, cobrança de falta de González, raspando o poste. Coube a Zé Roberto, tomando gosto pelo ataque, tirar o marasmo do embate. Aos 23, invadiu a área e colocou de pé canhoto. O ângulo estava à espera da bola, mas ela teimou em fazer a curva pela linha de fundo.
Mas Zé já havia marcado uma vez. E havia Dida, em noite mais do que inspirada. A vaga seria do Grêmio, mas com drama de novela mexicana no final.
Werley sentindo dores musculares deixou o time com um a menos, afinal, Luxa havia feito as três trocas - Alex Telles, Welliton e Kleber entraram. Assim, Souza virou zagueiro. O defensor pulava em campo, não conseguia correr. Assim, Aceval, de falta, empatou aos 43 minutos. Uma bela cobrança. Dida nem saltou.
Praticamente com um a menos, o Grêmio segurou a pressão. Teve três escanteios contra em sequência. Está nas oitavas.
Briga generalizada
Briga generalizada
Mal deu tempo de comemorar. Logo após o empate, uma pancadaria tomou conta do gramado do estádio CAP. A origem foi um desentendimento entre os treinadores Jorge Pellicer e Vanderlei Luxemburgo.
Na saída de campo, os dois técnicos se cruzaram. Houve desentendimento. Luxa caiu na entrada do vestiário. O centroavante Braian Rodriguez estava perto e, em seguida, os policiais chilenos conseguiram acalmar os ânimos.
Na saída de campo, os dois técnicos se cruzaram. Houve desentendimento. Luxa caiu na entrada do vestiário. O centroavante Braian Rodriguez estava perto e, em seguida, os policiais chilenos conseguiram acalmar os ânimos.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
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