Em meio a escândalo, Blatter e Ali duelam nas urnas por futuro da Fifa Suíço, apesar das prisões de dirigentes que abalaram a entidade, segue favorito. Mas príncipe da Jordânia ganha força e apoio em bloco da Uefa

A ELEIÇÃO  

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A Fifa escolhe seu presidente para o próximo quadriênio nesta sexta-feira e Joseph Blatter, sucessor de João Havelange, apesar de todos os escândalos que ocorreram nos dias que antecederam o pleito, segue teoricamente como favorito. É inegável, contudo, que seu único concorrente restante, o príncipe Ali bin Al-Hussein, da Jordânia, ganhou força e se tornou uma ameaça real à reeleição diante da ação da Polícia Federal suíça, a pedido da Justiça americana. Se vencer, Blatter exercerá seu quinto mandato consecutivo, completando 20 anos à frente da entidade –foi eleito pela primeira vez em junho de 1998. A disputa, anteriormente, envolvia quatro candidatos, mas dois deles – o ex-jogador português Luís Figo e o cartola holandês Michael van Praag – desistiram. 

A maior oposição ao suíço vem do seu próprio continente. O presidente da Uefa, Michel Platini, anunciou oficialmente na quinta-feira que quase todos os membros da confederação votarão contra o quinto mandato consecutivo de seu amigo “Sepp”, a quem pediu cara a cara em reunião para desistir da disputa na véspera da eleição. Ouviu de Blatter que já era tarde demais para tal atitude. O ex-jogador francês revelou que até mesmo a Suíça votará contra o atual mandatário. A pressão também vem de dentro da própria Fifa. Há subordinados descontentes com os danos à imagem da entidade e um dos vice-presidentes, David Gill, anunciou publicamente que deixará o cargo caso Blatter consiga um novo mandato.

Nas outras confederações, porém, o panorama é inverso. Não se sabe até que ponto a prisão de dirigentes ligados à Fifa afetou a base de apoio de Blatter. A princípio, ele ainda conta com votos da maioria dos membros da CAF (África), Concacaf (Américas do Norte e Central), Conmebol (América do Sul), OFC (Oceania) e AFC (Ásia). Mas o príncipe Ali vem adotando uma estratégia que agrada aos membros das confederações, sem aproveitar o escândalo para ataques ostensivos via imprensa e, por outro lado, discursando em todas as reuniões fechadas das entidades que ocorreram nesta semana. 


Congresso da Fifa - Zurique (Foto: Vicente Seda) 

Local onde será a eleição da Fifa: apesar de escândalo, Blatter segue como favorito à presidência (Foto: Vicente Seda)



ENTENDA A ELEIÇÃO
Info Votação FIFA (Foto: Infoesporte)

A Fifa tem 209 associações filiadas, cada uma com direito a um voto. O pleito acontece por voto secreto, em cédulas de papel depositadas em uma urna. Na primeira votação, o candidato consegue se eleger com dois terços dos votos. Se esse número não for atingido, a partir da segunda votação o candidato será escolhido com 50% mais um dos votos das associações aptas. Se houver mais de dois candidatos, a partir da segunda votação, o candidato com menos votos é eliminado até restarem somente dois. A contagem é conduzida pelo secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, assistido pelos escrutinadores. Os membros são chamados para votar por ordem alfabética, em inglês.

O presidente do Comitê de Apelações da Fifa, Larry Mussenden, de Bermuda, foi nomeado também para presidir o Comitê Eleitoral, já que Domenico Scala, presidente do Comitê de Auditoria e Conformidade, e Claudio Sulser, do Comitê Disciplinar, se abstiveram das funções eleitorais. Em seu site, a Fifa justifica que a abstenção ocorreu por terem cidadania suíça - mesma nacionalidade de Blatter - o que poderia gerar aparência de potencial conflito de interesses.

O voto da CBF

A não ser que haja uma mudança de última hora, a CBF deve apostar suas fichas em Blatter. Porém, o presidente da entidade, Marco Polo del Nero, não estará presente à votação. Ele deixou Zurique rumo ao Brasil na véspera da eleição. De acordo com o artigo 23 do Estatuto da Fifa, Del Nero de qualquer forma não poderia votar por ser membro do Comitê Executivo da entidade. A CBF já apontou Mauro Carmélio, presidente da Federação Cearense de Futebol, como seu representante para votar na eleição desta sexta-feira.
- A Conmebol votará em bloco conforme conversamos em reunião antes da abertura do congresso. Retornamos para uma reunião de emergência para analisar os últimos acontecimentos do futebol e qual o interesse do futebol sul-americano. Porém, posso lhe afirmar que os 10 países da América do Sul votam em bloco - disse Mauro Carmélio.
Del Nero, contudo, ainda tinha outra missão em Zurique, a reunião extraordinária do Comitê Executivo marcada para sábado, que inclui em sua agenda a determinação do número de vagas de cada confederação para a Copa do Mundo - a América do Sul corre o risco de perder a disputa da repescagem.

Polêmicas, acusações e prisão de dirigentes


Blatter tem formação em economia em Lausanne, na Suíça, já atuou como relações públicas e esteve envolvido na organização das Olimpíadas de 1972 e 76. Ele foi secretário-geral da Fifa de 1981 a 1998, quando assumiu a presidência. Em 2011, na última eleição, tinha como rival Mohammed bin Hamman, do Catar, que acabou desistindo de concorrer pouco antes do pleito. Com isso, o suíço foi reeleito com 186 dos 203 votos possíveis naquele ano.  


Montagem Blatter e Ali Bin (Foto: Globoesporte.com) 


 A ELEIÇÃO
Blatter e o príncipe Ali são os candidatos à presidência da Fifa (Foto: Globoesporte.com) 


Em seus quatro mandatos, Blatter já passou por diversas polêmicas, incluindo acusações de corrupção na entidade, como a recente investigação sobre possível compra de votos para a escolha do Catar como sede da Copa do Mundo de 2022. Na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, a entidade também se viu em situação delicada com a prisão de Raymond Whelan, executivo da Match, empresa contratada para operar a venda de ingressos da competição - ele foi acusado de ligação com uma quadrilha de cambistas.

Mas o maior de todos os escândalos nos quatro mandatos do suíço ocorreu justamente na semana em que tentará confirmar sua permanência por 20 anos à frente da Fifa. Uma investigação conduzida pelas autoridades dos Estados Unidos levou ao pedido de prisão de sete indivíduos ligados à entidade, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin. O caso ganhou grande repercussão mundial e colocou em xeque a administração da Fifa. A extensão dos danos à imagem de Blatter perante seus membros será conhecida nesta sexta-feira.

O rival e a promessa de mudanças 



Sede da Fifa em Zurique (Foto: Vicente Seda) 

A sede da Fifa em Zurique: Blatter está na presidência desde 1998, quando substituiu João Havelange (Foto: Vicente Seda)
O príncipe Ali bin Al-Hussein, da Jordânia, ainda está longe de ser uma figura tão popular quanto Blatter em nível mundial, mas vem ganhando força conforme a imagem do dirigente se deteriora em meio aos torcedores. Nesta semana, a organização Transparência Internacional divulgou um estudo com 35 mil adeptos do futebol consultados em 30 países e o resultado apontou que quatro entre cinco fãs do esporte não querem que o suíço continue na Fifa. Mas eles não votam.

Ali tem 39 anos, menos da metade da idade do seu rival (79), e é o mais jovem vice-presidente da Fifa e membro do Comitê Executivo da entidade. Como presidente da Federação da Jordânia de Futebol, o príncipe fundou a Federação de Futebol do Oeste Asiático em 2000 e lançou o Projeto de Desenvolvimento do Futebol Asiático em 2012. Ele foi eleito vice-presidente da Fifa para a Ásia em 2011 e também é membro da Confederação Asiática de Futebol (AFC, na sigla em inglês). Ele também preside o Comitê de Fair Play e Responsabilidade Social e é o vice do Comitê de Futebol da Fifa. Ocupa também o cargo de presidente do Comitê de Responsabilidade Social e de vice do Comitê de Desenvolvimento da AFC.

O príncipe é filho do rei Hussein e da rainha Alia da Jordânia e foi educado no seu país, no Reino Unido e nos Estados Unidos. Ele serviu às Forças Especiais da Jordânia. Ele e sua esposa, princesa Rym, filha de um veterano da ONU e diplomata argelino, têm dois filhos. Em seu manifesto, ele prega uma “Fifa que seja motivo de orgulho para todos os adeptos do esporte ao qual ela serve”. 


 Varjota  Esportes - Ce.           /           Globoesporte.

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