Desde os 14 anos, quando o futebol entrou de vez na sua vida e o tirou do ramo da construção, Werley sempre atuou de zagueiro. O máximo de ousadia a que se permitiu foi jogar como volante, no Atlético-MG, clube no qual, em 131 jogos, marcou apenas duas vezes. Em nove jogos vestindo as cores do Grêmio, no entanto, deu uma arrancada na carreira. Além de se firmar no time, já anotou três gols - dois deles no último domingo, contra o Ypiranga.
A veia artilheira de Werley não parece surgir por acaso. Em uma conversa com o GLOBOESPORTE.COM no saguão de seu prédio, na zona leste de Porto Alegre, o zagueiro contou o segredo de sua desenvoltura no ataque. Todo o final de ano, retorna a Oliveira, sua cidade natal a 160km de Belo Horizonte, e promove uma partida beneficente, entre parentes, amigos e alguns jogadores convidados. Na descontraída disputa, vira centroavante. Ainda que provisoriamente, garante que dá conta do recado.
- Normalmente, na pelada da família, só jogo de centroavante. Como trabalho o ano inteiro de zagueiro... - se diverte o jogador de 23 anos.
A arrancada de Werley não é apenas simbólica, de algumas contestações em Minas à afirmação em Porto Alegre. Em campo, ela funciona como arma letal. O primeiro gol diante do Ypiranga saiu exatamente por esse expediente (assista ao vídeo ao lado).
Ao roubar a bola no meio-campo, não se contentou em servi-la ao meia melhor colocado e retornar ao posto original. Pelo contrário. Foi à frente e se colocou como opção na área. Mas desprendimento ainda não seria suficiente. O zagueiro precisou usar a voz para Marco Antonio notá-lo na área, livre.
Ao roubar a bola no meio-campo, não se contentou em servi-la ao meia melhor colocado e retornar ao posto original. Pelo contrário. Foi à frente e se colocou como opção na área. Mas desprendimento ainda não seria suficiente. O zagueiro precisou usar a voz para Marco Antonio notá-lo na área, livre.
- A ideia dele era colocar na segunda trave para o André Lima. Depois, ele me falou: "ainda bem que você gritou" - lembra. - Fazia muito isso no Atlético-MG (arrancadas). Em 2009, no meu começo, o Leão me colocava às vezes de lateral, então me acostumei.
jogos | gols | |
---|---|---|
Grêmio | 9 | 3 |
Atlético-MG | 131 | 2 |
Apesar do entusiasmo, também costuma manter ligado o alerta já soado pelo sempre exigente e precavido Vanderlei Luxemburgo. O defensor lembra que o técnico lhe pedia, desde os tempos de Galo, para cuidar as investidas à frente. Afinal, é preciso ter fôlego para acompanhar os velozes atacantes rivais.
- O meu papel é defender, tenho que manter isso como prioridade. Mas, se continuar tendo oportunidades, quero seguir marcando meus golzinhos.
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Mostrando-se de fácil adaptação, dos diferentes técnicos às mais sortidas ordens táticas, Werley também lança mão desse "instinto camaleão" para, rapidamente, se sentir em casa em Porto Alegre. Gosta, sobretudo, de economizar tempo. Recorda que demorava uma hora para chegar aos treinos no clube mineiro. Na capital gaúcha, a conta ficou bem menor.
- Chego em 15 minutos ao Olímpico - relata, satisfeito, mãos no bolso da bermuda e de chinelos, num mar de tranquilidade.
Um mês e meio após pôr os pés em Porto Alegre, Werley confessa que ainda não conhece os principais programas da cidade. Prefere ficar em casa com a esposa Renata. Ali, se refugia nos controles de seu Xbox, sempre comandando outro clube azul, o Manchester City. Quando sai, opta por programas rápidos, como um cinema ou um jantar. Extravagância maior só mesmo uma caminhada no shopping.
Agitos, portanto, Werley deixa para os gramados. Lugar em que costuma fazer e acontecer nas duas áreas. Zagueiro e centroavante num mesmo jogador, a serviço do Grêmio e não mais apenas privilégio dos jogos beneficentes da família Silva, na pequena Oliveira. Onde tudo começou.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
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