Por vezes amado, por vezes odiado. Apenas uma linha separa o céu do inferno na vida de um goleiro. Ele não é o dono da bola, mas é o único jogador que se não estiver em campo, à frente da meta, não rola futebol. Por isso, nada mais justo do que um dia para homenageá-lo, certo? O dia existe - 26 de abril -, mas nem todo arqueiro se importa com isso. O eterno ídolo do Palmeiras, Marcos, é um deles.
Não é que o Santo não goste de homenagens ou da profissão que o consagrou. Ele até queria jogar na linha quando garoto, mas louva o dia em que resolveu vestir as luvas. Foi uma decisão que rendeu lembranças para a vida toda - boas e ruins, como se percebe abaixo, na lista de cinco momentos marcantes da trajetória do atleta.
Para Marcos, porém, o dia do goleiro sempre foi apenas mais um de trabalho pesado. Agora, ele está aposentado, mas relembra as barreiras que superava dia a dia.
- É uma profissão que exige concentração, dedicação, estudo para enfrentar esses grandes jogadores. Mas devo tudo o que tenho às luvas, tanto as coisas materiais quanto o reconhecimento. O goleiro sempre é um cara que é penalizado, é muito cobrado, mas todos sabem os nomes dos goleiros dos times. É um cara que se destaca.
Concentração, dedicação, horas de estudo. Esses são apenas alguns dos mandamentos do Santo para aqueles que querem seguir seus passos. Antes de pendurar as luvas, aos 38 anos, no dia 4 de janeiro deste ano, o ex-jogador conquistou quase tudo que era possível. No currículo, ele tem título mundial com a Seleção Brasileira, da Copa América, da Copa das Confederações, da Libertadores, brasileiro, da Copa do Brasil e tantos outros.
Faltou apenas o Mundial de Clubes. Marcos teve a chance, mas uns dias são de "santos", e outros, de "diabos". Em 1999, o ídolo falhou feio na final da competição internacional. Um erro decisivo que deu aos ingleses do Manchester a vitória por 1 a 0 e a taça mais cobiçada por todos os clubes. Para evitar vacilos como o daquela final, o Santo tem mais um mandamento.
Faltou apenas o Mundial de Clubes. Marcos teve a chance, mas uns dias são de "santos", e outros, de "diabos". Em 1999, o ídolo falhou feio na final da competição internacional. Um erro decisivo que deu aos ingleses do Manchester a vitória por 1 a 0 e a taça mais cobiçada por todos os clubes. Para evitar vacilos como o daquela final, o Santo tem mais um mandamento.
- Ser goleiro é difícil. Você não joga sozinho, depende muito dos outros. Tem gente que acha que é só pegar bola, mas a parte de comunicação com a zaga é muito importante. Quanto mais o goleiro posiciona bem a zaga, menos trabalho vai ter. Sofri bastante, chorei muito, mas só tenho a agradecer.
Entre milagres e perus
A pedido do GLOBOESPORTE.COM, Marcos elegeu cinco momentos marcantes para recordar os 20 anos de carreira. E não foram só os milagres que entraram na lista. Dois perus também não saem da cabeça do ex-goleiro. Para equilibrar a lista de acertos e erros, o Santo ainda lembra uma terceira falha, como mostra o vídeo acima. Mas, depois de muita dificuldade, de muito pensar, eis o "Top 5" de Marcos:
Brasil 2 x 0 Alemanha – final da Copa do Mundo de 2002
A decisão já estava nos 37 minutos do segundo tempo e o Brasil vencia por 2 a 0 quando Oliver Bierhoff exigiu uma defesa milagrosa de Marcos. Próximo da marca do pênalti, o alemão girou e chutou no canto esquerdo de Marcos, à queima-roupa. O goleiro foi rápido, esticou-se e desviou a bola para a linha de fundo, garantindo a tranquilidade nos minutos finais antes de conquistar o Penta para a Seleção.
- Achei que essa foi a melhor defesa daquele jogo - disse o Santo.
Cruzeiro 2 (3) x 2 (4) Palmeiras – quartas de final da taça Libertadores de 2001
Depois de um empate por 3 a 3 no Palestra Itália e outro por 2 a 2 no Mineirão, os times decidiram nos pênaltis a vaga para a semifinal daquele ano. Marcos, que havia se tornado titular do Verdão há pouco tempo, fechou a meta nas penalidades. Ele pegou as cobranças de Ricardinho, Marcos Paulo e Luisão – Jackson ainda mandou para fora. Especialmente a defesa no pênalti de Luisão marcou o goleiro, que liderou o Palmeiras na conquista da Libertadores de 1999 e, de quebra, levou o título de melhor jogador da competição.
- Naquele pênalti, eu passei da bola e a mão voltou. Foi especial.
Palmeiras 1 x 1 Santos – Brasileirão de 2009
Na ocasião, Marcos teve trabalho para garantir o empate com o rival Santos no Palestra Itália. Depois de um bom primeiro tempo do Verdão, com direito a gol de Obina, o jogo mudou com a entrada de Robson no Peixe. Aos 26 minutos do segundo tempo, o jogador recebeu na pequena área e chutou de voleio. O Santo conseguiu fazer uma bela ponte para desviar a bola. Dez minutos depois, Robson conseguiu vazar o goleiro e igualar o duelo, mas a defesa ganhou destaque no currículo de Marcos.
- Teve uma contra o Santos, no Palestra Itália. Não foi um jogo decisivo, mas foi uma grande defesa. O pessoal esquece, mas está no meu DVD (risos).
Palmeiras 2 x 7 Vitória – oitavas de final da Copa do Brasil 2003
O Verdão já estava sofrendo uma goleada quando a bola rolava para Marcos. O goleiro, sem qualquer marcação, preparou-se para dar um chutão para frente. Ele, porém, deu uma furada épica e deixou a bola de graça para Nadson balançar a rede. O Palmeiras até venceu por 3 a 1 o jogo de volta, mas não conseguiu avançar na competição.
- Essa aí foi ótima, até hoje dói meu joelho com o estralo que deu (risos).
Manchester 1 x 0 Palmeiras – final do Mundial de Clubes de 1999
Campeão da Libertadores, o Palmeiras fazia uma final aguerrida com o Manchester. O time do Palestra Itália dominava as ações ofensivas, mas o primeiro ataque da equipe inglesa foi decisivo. Ryan Giggs cruzou pela esquerda, Marcos saiu mal e não alcançou a bola, que sobrou para Roy Keane apenas escorar, aos 35 minutos do primeiro tempo.
- Foi duro. É difícil de ver até hoje, mas consegui dar a volta por cima depois.
Varjota Esportes - Ce, / Globoesporte
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