Alegria, frustração, confiança e superação. Principalmente superação. A história do Palmeiras na primeira fase da Taça Libertadores 2013 teve todos os elementos de um filme dramático, mas acabou com final feliz. Na noite desta quinta-feira, o Verdão venceu o Libertad, do Paraguai, por 1 a 0, no Pacaembu, e assegurou vaga nas oitavas de final da competição continental com uma rodada de antecedência.
Assim como já havia sido contra o Tigre, semana passada, a equipe apostou na determinação de seus jogadores e na força da torcida - que quebrou recorde de público da Libertadores nesta quinta - para, após atravessar um dos piores momentos de sua história (o rebaixamento à Série B do Brasileirão no ano passado), voltar ao mata-mata da principal competição de clubes da América.
Por uma noite, o trecho do hino “defesa que ninguém passa, linha atacante de raça” fez todo o sentido. O gol saiu dos pés de Charles, num lance casual - Wesley, que seria expulso minutos depois, errou o chute, e a bola caiu nos pés do volante, que decidiu. O sistema defensivo, tantas vezes criticado, teve atuação sólida diante de um adversário perigoso.
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Com a vitória, o Palmeiras chegou a nove pontos - todos conquistados em casa -, assumiu a liderança do Grupo 2 e não pode mais deixar a zona de classificação. Os paraguaios, com oito, agora disputam a segunda vaga com o Tigre-ARG, que tem seis. O Sporting Cristal, com o triunfo alviverde, está eliminado - é lanterna da chave com cinco pontos.
A última partida do Verdão pela primeira fase será na próxima quinta-feira, contra o Sporting Cristal, em Lima. A missão do time de Gilson Kleina é assegurar o primeiro lugar da chave para decidir em casa uma vaga nas quartas. A equipe do Palestra Itália pode terminar como líder até perdendo, desde que o Tigre vença o Libertad no Paraguai. Para não precisar fazer contas, o Verdão tem de vencer. Clique aqui e simule os resultados da última rodada.
O Palmeiras volta a campo no próximo domingo, novamente no Pacaembu, para enfrentar o Guarani, às 16h (de Brasília), pela penúltima rodada do Campeonato Paulista. A equipe verde já está assegurada nas quartas de final do estadual.
Apoio na arquibancada, tensão no gramado
Já se passaram quase cinco meses desde o rebaixamento do Palmeiras à Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro. Daquele fatídico 18 de novembro até hoje, muita coisa mudou no clube. A relação entre time e torcida é uma delas - sobretudo na Taça Libertadores. Nesta quinta-feira, os alviverdes fizeram sua parte: lotaram o Pacaembu e apoiaram o tempo todo.
O coro, no entanto, não contagiou o time. Diante de um organizado Libertad, pelo qual o Verdão foi dominado em Assunção, no dia 28 de fevereiro, a equipe comandada por Gilson Kleina apostou nos mesmos elementos nos quais havia se apoiado para vencer o Tigre, terça-feira retrasada, também no Pacaembu: raça e determinação. Faltou, porém, qualidade técnica ou pelo menos um atacante que segurasse mais a bola à frente.
Descoordenado, o Palmeiras não teve um padrão tático definido. No setor ofensivo, Vinícius era o único que permanecia em posição fixa, mas muito isolado. Wesley, Juninho e Souza se alternavam nos avanços para apoiar o ataque, sem sucesso. À vontade, o time paraguaio não sentia a pressão por jogar fora de casa: comandado pelo volante Guiñazu, ex-Internacional, parava o Verdão marcando forte e abusando das faltas no meio-campo.
Poucos lances da primeira etapa de jogo animaram de fato os palmeirenses. Cobranças de falta de Ayrton e Souza – que pararam na barreira do Libertad – e um único cruzamento de Souza para o zagueiro Henrique, que mandou cabeceio por cima do travessão, foram as jogadas de maior destaque dos donos da casa. Das arquibancadas, muitas reclamações com o árbitro uruguaio Daniel Fedorczuk e vibração especial com carrinhos, chutões e desarmes.
Raça e final feliz
Raça e final feliz
Gilson Kleina não fez alterações em sua equipe no intervalo, mas admitiu que o time sentiu demais a falta de um atacante fixo na área nos primeiros 45 minutos. Logo no início da etapa complementar, o volume do jogo Palmeiras aumentou: apoiado ainda mais insistentemente por sua torcida, a equipe fechou o cerco sobre o Libertad. Chegou à área paraguaia primeiro em cabeceio de Juninho, depois em chute à queima-roupa de Marcelo Oliveira.
- A Taça Libertadores é obsessão, tem que jogar com a alma e o coração... - cantavam os alviverdes.
Os jogadores ouviram o recado que vinha das arquibancadas. Ninguém pedia futebol-arte. Ninguém estava ali pelo brilho individual de qualquer jogador. Queriam o “Alviverde imponente” fazendo valer sua história, colocando a bola na rede. E o pedido foi atendido em um lance peculiar, aos sete minutos.
Os jogadores ouviram o recado que vinha das arquibancadas. Ninguém pedia futebol-arte. Ninguém estava ali pelo brilho individual de qualquer jogador. Queriam o “Alviverde imponente” fazendo valer sua história, colocando a bola na rede. E o pedido foi atendido em um lance peculiar, aos sete minutos.
Revezando-se entre o meio-campo e o ataque, o volante Wesley arriscou chute da intermediária. Finalização fraca, sem qualquer perigo aparente. Fracasso? Longe disso. A bola sobrou dentro da área para Charles, que apareceu sozinho e teve o único trabalho de tocar para o gol na saída do goleiro Rodrigo Muñoz.
O gol trouxe alívio, mas não diminuiu o nervosismo dos jogadores. Irritado com as consecutivas faltas cometidas pelo Libertad desde o início da partida, Wesley, que já havia sido advertido com cartão amarelo no primeiro tempo, cometeu falta no meio-campo e acabou expulso.
Naturalmente acuado, o Verdão “aceitou” a pressão dos paraguaios. Wendel e Tiago Real entraram para dar novo gás ao meio-campo, mas a preocupação maior era se defender. Uma multidão de camisas verdes dentro da área, rebatendo tudo. Deu certo. Ao seu jeito, sem requinte, mas com muita raça, o Palmeiras está nas oitavas de final da Taça Libertadores.
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