“Eu te amo, cara. Eu te amo demais.” Vinte e um anos já se passaram, e estas foram algumas das palavras mais ouvidas neste 1º de maio diante da escultura de Ayrton Senna, exposta no Museu de Cera de Petrópolis. No feriado do Dia do Trabalhador, o GloboEsporte.com foi ao espaço para acompanhar a repercussão da data entre os visitantes, mais de duas décadas após o fatídico acidente que tirou a vida de Senna, no circuito de Ímola, na Itália.
Não é por acaso que a réplica do ex-piloto esteja em espaço de destaque no museu. Segundo os guias do local, ao lado do Papa João Paulo II e do personagem Jack Sparrow, de “Piratas do Caribe”, a estátua do tricampeão brasileiro está entre as mais contempladas pelo público. Além da peça, produzida na Inglaterra e que impressiona pela semelhança, há um vídeo de 4 minutos em exibição na sala, sobre o papel do piloto na concepção do Instituto Ayrton Senna.
Petrópolis e Ayrton Senna tem um fator comum: chuvas. Administradora de empresas e moradora da cidade serrana, Amanda Marques lembrou os momentos de glória do tricampeão mundial nas provas com pista molhada, mas não conteve a emoção ao se lembrar da perda do ídolo.
- Naquela corrida de Mônaco, em 1984, ele fez a ultrapassagem sobre o Niki Lauda na curva Saint Devote debaixo de chuva. Em Estoril, no ano seguinte, na Lotus e também sob chuva, ele venceu com uma volta à frente do segundo colocado. Para mim, foi um orgulho ter vivido os dez anos da carreira dele. Nos meus 15 anos, sentada na sala com meu avô, eu vi aquele acidente em que eu não quis acreditar. Há 21 anos estamos sem ele, infelizmente, mas eu nunca perdi nada que ele fez – disse Amanda, que estava tremendo e visivelmente emocionada com a escultura.
Fã de Ayrton e de Bruno Senna, Amanda Marques se emociona diante da estátua de cera do piloto (Foto: Rafael Chimelli)
Tatuada com a assinatura do sobrinho de Ayrton, Bruno Senna, Amanda contou que também é fã do piloto de 31 anos, que seguiu o caminho do tio nas pistas, e conseguiu seu autógrafo a partir de uma amiga em comum com o competidor, com quem já se encontrou no autódromo de Interlagos em cinco ocasiões. Para a administradora, porém, o dia de hoje não é para festas, ainda que neste ano tenha decidido ficar mais próxima do ídolo, a quem chamou diversas vezes de “meu Senna”.
- Há 21 anos eu fico reclusa neste dia dentro de casa, mas eu vim vê-lo hoje. Como eu queria que ele tivesse vida de novo, mas já dizia o Renato Russo: “os bons morrem jovens” – lembrou Amanda, citando a música “Love in the Afternoon” da banda Legião Urbana.
Estátua de Senna foi produzida por estúdio inglês e ficará em exposição em Petrópolis (Rafael Chimelli)
Quem também se impressionou com a estátua do brasileiro foi a professora Valéria Dib, que faz parte do projeto Acelera Brasil, uma parceria entre a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Instituto Ayrton Senna. Segundo ela, a partir de aulas e outras atividades, o projeto dá continuidade aos ideais que o piloto pregava, cuidando de jovens marginalizados que não podem ficar dentro da escola.
- É emocionante por causa do projeto e da proposta dele de trabalho, envolvendo educação como foco. Nosso trabalho político-pedagógico na Prefeitura envolve essa juventude no meio educacional. Parece que ele está aqui, muito presente. E a estátua é muito perfeita – disse a professora.
A professora e empresária alemã Anne Hofmeister comparou a comoção gerada pelo acidente de Senna, mesmo após tanto tempo, com a reação do público alemão ao estado de saúde do heptacampeão Michael Schumacher. Não há muitas novidades sobre o ex-piloto da Ferrari desde que ele voltou à casa da família, para dar continuidade ao processo de reabilitação após o grave acidente de esqui sofrido em 2013. Mesmo assim, as demonstrações de apoio ao recordista de títulos da F-1 continuam fortes na internet.
- Falamos que é impressionante como o Ayrton continua vivo no Brasil mesmo após 21 anos, como se nada tivesse acontecido e nem tivesse se passado tanto tempo. E o Schumacher já tem mais de um ano do acidente, a família dele não revela nada e não se tem mais notícias, mas na Alemanha ele também é adorado, com muitos seguidores na internet que buscam lembrá-lo – observou.
Outro turista de passagem pela cidade serrana, o empresário Leandro Bassu, de Santa Bárbara do Oeste, interior de São Paulo, destacou que Ayrton Senna foi um exemplo para os brasileiros da época.
- Eu acredito que o Ayrton foi um brasileiro que vestiu a camisa no que diz respeito à pátria. Foi um cara que inspirou realmente a todos e ele demonstra que, quando você quer e tem um sonho, basta acreditar que de alguma maneira isso pode se tornar realidade. Ele passava isso para as pessoas através do exemplo, da determinação e da atitude – disse.
No dia em que a morte de Senna completa 21 anos, a estátua do piloto atraiu muitos fãs a Petrópolis (Foto: Rafael Chimelli)
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte.
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