Ídolo palmeirense, Ademir da Guia afirma: 'Quero ser lembrado hoje' O jornalista Geneton Moraes Neto conversou com o grande ídolo palestrino em entrevista para o Esporte Espetacular na sede do clube alviverde


Um gênio da bola. Maior luminar da famosa Academia do Palmeiras, onde desfilou sua classe e habilidade por 16 anos. Esse é Ademir da Guia, apelidado Divino, jogador que mais vestiu a gloriosa camisa do Verdão com 901 partidas disputadas e mais de 10 títulos. Num encontro de craques realizado na sede do clube, o jornalista Geneton Moraes Neto entrevistou Ademir para o Esporte Espetacular e descobriu algumas verdades da carreira do grande ídolo palmeirense, que completa 70 anos na terça-feira, dia 03 de abril.
Ademir foi criado no Rio de Janeiro e chegou ao Palmeiras em 1961. Já tinha a voz pausada e a tranqüilidade que lhe possibilitava uma antevisão impressionante das jogadas de meio-campo. Humilde, porém ciente do seu valor, ele não se considera o maior craque da história do Palmeiras, mas um dos maiores.
- Consegui alguns recordes no Palmeiras, fui o jogador que mais jogou pelo clube com 901 partidas, e disputei 57 clássicos contra o Corinthians, sou também o jogador que mais jogou esse clássico. Ganhei um busto, e agora o Marcos parece que vai ter um também. Ganhei cinco campeonatos paulistas e cinco campeonatos brasileiros. Eu penso que isso me dá uma condição de ser considerado um dos dez melhores jogadores da história do clube – conta o Divino.
Ademir, todavia, não vive no passado e nem fica pensando muito no futuro. Quando Geneton pergunta como gostaria de ser lembrado daqui a um século, ele responde com tranqüilidade e com a sabedoria dos gênios.
- Eu quero ser lembrado hoje, eu gosto muito do presente – conta o palmeirense.
A linhagem genética da família Da Guia é composta de craques. O pai de Ademir foi o lendário Domingos da Guia, um dos maiores zagueiros da história do Brasil, ídolo do Flamengo e da Seleção Brasileira; seu tio Ladislau da Guia, o ‘Tijolo Quente’, é o maior artilheiro da história do Bangu com 215 gols. Mas para o Divino, qual a fórmula secreta de um craque?
- A primeira coisa é você nascer com o dom, a facilidade de jogar futebol. Depois você precisa se aprimorar naquilo que você entende que falha. Eu tinha vários defeitos que procurei ir aprimorando. Nunca soube cabecear direito, mas fiz alguns gols de cabeça, não batia bem com a perna esquerda, mas procurei com o tempo ir melhorando. Falavam muito que eu era um jogador lento e tentei melhorar minha maneira de chegar mais rápido – disse Da Guia.
Ademir fazendo gol (Foto: Reprodução/TV Globo)Ademir marcando (Foto: Reprodução/TV Globo)
Se Ademir não era um portento de velocidade, a bola sempre saia redonda dos seus pés. Nesse domingo, Ademir foi assistir ao jogo Palmeiras x Mirassol no Pacaembu. Dentro de campo, não se viu um camisa 10 com a visão de jogo do Divino. Talvez por isso, o resultado adverso, com a derrota do Verdão por 1 a 0. O craque, tranquilo nas cadeiras, deu muitos autógrafos para os torcedores e minimizou o mau resultado contra a equipe do interior paulista perto do seu aniversário.
-O presente de aniversário que eu quero é que nós nos classifiquemos bem entre os oito, indo até à final. As vezes, o time que está ainda tentando chegar na zona de classificação, como o Mirassol, vai lutar muito mais. O mais importante agora é o Palmeiras passar para as oitavas de final - encerrou o craque.
A suposta lentidão de Ademir teria lhe tirado oportunidades na Seleção Brasileira. Ele não foi convocado por Zagalo para a mítica seleção que venceu a Copa de 70 no México. Mas isso parece não o incomodar, nem mesmo quando se compara a Rivelino e Gérson, jogadores que, em tese, tomaram sua vaga.
- Entendo que o Zagalo conseguiu o time ideal em 70. Talvez eu pudesse entrar em um jogo ou outro se ele quisesse mudar a maneira do time jogar, porque o Riva jogava de uma forma, o Gérson de outra, e eu de um modo diferente. Então só assim, digamos, no intervalo de uma partida, se ele quisesse mudar o estilo do time, ele poderia até tirar o Gerson e me colocar - conclui o ídolo palmeirense.
Ademir da Guia com Geneton Moraes Neto durante a entrevista na sede  (Foto: Reprodução/TV Globo)    Varjota  Esportes - Ce.   /   Globoesporte

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