De ambulante a zagueiro do Sampaio: Mimica relembra trajetória no Castelão Visitando o novo Castelão, defensor relembra momentos como torcedor e ambulante no estádio. Além disso, foi motense por alguns dias


Único zagueiro do Sampaio presente em campo em seis, dos sete jogos disputados na Série D, Mimica ajuda o time maranhense deixando os adversários longe do gol Tricolor, que tem a melhor defesa da Série D com apenas dois gols sofridos. Mas antes de começar a carreira no mundo da bola, o zagueiro já acompanhava o Sampaio e deixou para trás a carreira de ambulante e vigia de carro no antigo Castelão para ser um dos jogadores que vão reinaugurar o principal estádio do Maranhão.
Mimica acompanhou o time de 1997 como torcedor e hoje espera subir com o Sampaio (Foto: Zeca Soares)
Com sete vitórias em sete jogos, o Sampaio faz a melhor campanha em sua história na Série D e supera até mesmo a campanha do título invicto da Série C de 1997. Aquele time histórico do Tricolor, que teve jogadores como Marcelo Baron e Adãozinho, fez parte da infância de Mimica, que foi ao Castelão várias vezes como torcedor, e hoje é inspiração para o Tubarão.
- A gente se espelha no time de 1997. Naquela época eu estava na arquibancada e vi Marcelo Baron fazer o gol do título. Tinha o Toninho aqui no Sampaio também. Hoje eu estou aqui e fico orgulhoso, até porque também estou representando meu bairro. Nosso time hoje tem uma fase feita por jogadores maranhenses, com poucos jogadores de fora. Estamos orgulhosos com essa campanha, mas temos consciência que o objetivo principal é subir o time.
A gente se espelha no time de 1997. Naquela época eu estava na arquibancada e vi Marcelo Baron fazer o gol do título."
Mimica
Entretanto, o zagueiro não ia para o estádio somente para assistir aos jogos. Criado no bairro do Barreto, onde é localizado o Castelão, o estádio praticamente virou um quintal de luxo para o defensor, que sempre foi boliviano.
Aos nove anos, Mimica começou a trabalhar como ambulante no Castelão, vendendo suquinho e laranja. Da antiga arquibancada, hoje todo o estádio está com cadeiras, viu o gol do título de 1997 marcado por Marcelo Baron e lembra que já vigiou até o Monza do atacante Adãozinho.
- Sou boliviano desde criança. Sempre vinha assistir os jogos aqui trabalhando, vendendo suquinho e laranja. Vi o gol do Baron da arquibancada e me lembro que uma vez vigiei o Monza do Adãozinho. Hoje Deus me deu essa oportunidade de estar aqui no Sampaio e agora é dar o meu melhor.
Mas a vida de ambulante, aos poucos foi ficando para trás, até para o garoto poder ser dedicar aos estudos e ao futebol. O Castelão continuou sendo local de trabalho e no antigo estádio jogou algumas partidas sub-20, mas nunca profissionalmente.
Quase rubro-negro
Revelado em 2005 pelo Chapadinha, em 2007 o zagueiro começou à chamar a atenção dos clubes. Mas o primeiro time a procurar por Mimica não foi o Sampaio e sim o maior rival, o Moto, que chegou a fechar o negócio com o jogador.
Mimica faz a primeira inspeção no gramado do novo Castelão (Foto: Zeca Soares)Mimica faz a primeira inspeção no gramado do
novo Castelão (Foto: Zeca Soares)
- Em 2007 o Alim Maluf falou comigo para ir pro Moto e ficou praticamente tudo fechado. Mas nesse mesmo período o Pereirinha me ligou e ofereceu R$ 500 a mais que o Moto tinha oferecido, além do primeiro salário na hora. Aí acertei com o Sampaio, mas por alguns dias fui rubro-negro.
Se atualmente o Sampaio investe em revelações do futebol maranhense, na época que Mimica acertou com o time, os jogadores da terra eram vistos com desconfiança.
- No dia que acertei com o Sampaio cheguei em casa e falei para minha mãe. Naquela época a gente sabe todo mundo dizia que jogador maranhense quase não tinha chance no Sampaio e era sempre difícil para chegar aqui.
Com a desconfiança superada no time e a vaga como titular assegurada, Mimica não esquece o início de tudo. Questionado sobre o que seria mais difícil, ser ambulante ou parar os atacantes adversários, o defensor destacou que o importante é aproveitar as oportunidades.
- Tudo tem seu lado. É difícil a gente marcar os atacantes de qualidade, que vão melhorando a cada fase. Mas é assim, a cada oportunidade que aparece temos que agarrar com unhas e dentes.
Com o goleiro Rodrigo Ramos, Mimica conheceu os novos vestiários do Castelão (Foto: Zeca Soares)Com o goleiro Rodrigo Ramos, Mimica conheceu os novos vestiários do Castelão (Foto: Zeca Soares)               
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