Vice do Fla, sobre os dois meses sem Ronaldinho: 'Ambiente mais leve' Paulo César Coutinho lembra postura do jogador, cita indisciplinas e possível influência sobre mais jovens, e destaca clima melhor


Ronaldinho Gaúcho nos tempos de Flamengo
(Foto: Maurício Val / Vipcomm)
Nesta terça-feira, o Flamengo completou dois meses sem Ronaldinho Gaúcho. Ficaram no passado os olhos no relógio, o alerta ligado para saber as condições em que chegaria o jogador e a impressão de manusear uma bomba-relógio que acabou por explodir na Justiça no dia 31 de maio, data em que o ex-camisa 10 deixou o clube. Atualmente, o Rubro-Negro passa por momentos de crise de resultados, mas vive a leveza em alguns aspectos desde que Ronaldinho deu adeus ao clube. Fato comprovado por declarações do vice de futebol Paulo César Coutinho e do ex-técnico Joel Santana. 
- Mudou da água para o vinho. O Ronaldo influenciava alguns jogadores, principalmente os mais jovens. Chegava atrasado, muitas vezes não treinava, era visto em boates... Com isso, alguns atletas podiam pensar em fazer o mesmo. O Zinho chegou e não ficou satisfeito, pois exige que jogador seja profissional. Culminou com o episódio de Teresina. O Ronaldinho disse que não viajaria para ficar com a mãe (que enfrentava um problema de saúde), mas, na verdade, estava com sua advogada. Depois da saída dele, o ambiente está mais leve, mais fácil de trabalhar. Um exemplo: muitas vezes o treino era marcado para 9h, mas ficava aquela brincadeira no café da manhã, esperava o Ronaldo... Agora, às 9h, todo mundo já está no campo – afirmou Paulo César Coutinho.
O vice de futebol esteve envolvido em polêmica com o jogador. Em Teresina, Coutinho foi filmado por alguns torcedores dizendo que Ronaldinho estava afastado por não ter viajado para o amistoso, e disse que ele não jogava “porra nenhuma”.
Além de alguns atrasos, a principal preocupação era com o estado que o jogador chegaria para as atividades da manhã. Na reapresentação, em janeiro, logo nos dois primeiros dias Ronaldinho alegou insônia. Era comum nos treinos em horários matutinos o jogador ficar recluso nas salas do Ninho do Urubu.

Com Ronaldinho, o clima de apreensão pairava no ar. Outra mudança foi em relação à escolta de seguranças que acompanhava o jogador, feita por um carro e três ou quatro amigos, alguns deles policiais.
Depois da saída dele, o ambiente está mais leve, mais fácil de trabalhar"
Paulo César Coutinho
- Nós não temos problema de horário para começar treino, hora de almoçar, jantar, tomar café, hora de preleção. Uma coisa normal, tranquila – disse Joel Santana, ainda como técnico do Flamengo, em entrevista ao Esporte Espetacular, ao comentar sobre o clube sem Ronaldinho.

A falta de compromisso do jogador passou a incomodar até mesmo atletas mais próximos. No dia 16 de maio, às vésperas da estreia do time no Brasileirão, Ronaldinho chegou ao Ninho para o treino da manhã em más condições físicas e pediu para não treinar, segundo membros da comissão técnica. Recém-chegado, o diretor de futebol do clube, Zinho, precisou agir de maneira enérgica.

Na saída do jogador, o diretor de futebol deu o tom da mudança de ambiente:

- Fui chamado para organizar o futebol, para que realmente a conduta do atleta, de funcionários, mudasse. Do jeito que estava, não condiz com o que é o futebol. Avisei que não ia permitir deslizes. Acabou a bagunça, acabou a festa. Fui bem claro. Quem quer fica. Quem não quer pede para sair. Ouvi de todos os atletas que iam fazer o trabalho corretamente.

Ronaldinho marcou 28 gols em 74 jogos com a camisa do Flamengo. Ele chegou ao clube em janeiro de 2011 e conquistou um título carioca.

Com 16 pontos, o Rubro-Negro é só o 11º na tabela e perdeu três das últimas quatro partidas. O reencontro com o jogador, inicialmente marcado para o próximo sábado, no Engenhão, será adiado por conta do estado do gramado. A princípio, o jogo passaria para 22 ou 23 de agosto. A CBF bate o martelo sobre o assunto ainda nesta quarta. Enquanto isso, o clube comemora o fato de não pisar em terreno minado. 
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