Em dezembro de 2011, o SporTV Newsmostrou a história de superação da ex-zagueira da seleção feminina de futebol que perdeu as pernas e, em vez de se abater, encontrou na natação o recomeço da vida de atleta. Além de sonhar com a medalha paralímpica em Londres, Carol Basílio também tinha o desejo de reencontrar Marta, sua ex-companheira de seleção. Um encontro como esse costuma ser mais especial para o fã do que para o ídolo, mas graças às histórias que as duas já passaram juntas, a jogadora eleita cinco vezes a melhor do mundo também viveu uma experiência inesquecível. Conversar com Carol despertou sentimentos que pareciam adormecidos em Marta (assista ao vídeo).
- Pode ter certeza que sempre que eu entrar em campo, vou pensar nela, em tudo que ela passou e vem superando a cada dia porque tenho certeza que isso vai me fazer bem, me dar motivação para ir em busca dos meus objetivos - disse a atacante.
A convite do programa, Carol e seu pai viajaram para Maceió, Alagoas, acreditando que atleta iria participar de uma palestra para jovens jogadoras de futebol. Ela não sabia que, na verdade, iria reencontrar a dona da camisa 10 da Seleção.
- Eu fiquei emocionada quando vi a matéria. Liguei para o meu agente e falei: "Tenho que vê-la". Eu não sabia (do acidente), fiquei sabendo através da entrevista - disse Marta.
Em abril de 2001, a Granja Comary recebia a primeira seleção feminina de base. Marta estava na equipe e tinha apenas 16 anos. Na defesa estava Carol Basílio, zagueira titular e candidata a craque. Aos poucos elas foram perdendo a timidez de amigas que não se veem há muito tempo. Marta presenteou Carol com uma camisa canarinho autografada e logo elas estavam relembrando momentos daquela época.
- Quando ela chegava um pouco antes ela usava sempre o carrinho então a gente já ficava de olho: "Cuidado com a Carol". Ela chegava junto - afirmou Marta.
Já Carol explica que nem sempre as pessoas acreditam que ela foi companheira da estrela do futebol mundial.
- Acham que é mentira. Chegar assim, sem pernas, e falar que joguei com a Marta é difícil. As pessoas falam: "Você não jogava nada".
Em 2001, uma lesão no joelho acabou com a carreira da ex-zagueira. Mas nada que se comparasse ao drama que ela viveria em 2010, quando sua moto foi atropelada por uma caminhonete que avançou o sinal. Forçada a amputar as duas pernas, a ex-promessa do futebol feminino superou o drama e passou a praticar a natação. O primeiro sonho era disputar as Paralimpíadas Rio-2016. Depois da primeira reportagem do SporTV News, Carol foi convidada para treinar no Vasco, onde tem mais chances de alcançar o índice para se classificar já para os Jogos de Londres.
- A minha superação precisou começar ali, na hora (do acidente), porque eu pensava em tudo ao mesmo tempo. Imagina a minha cabeça. Passavam momentos de quando eu jogava, de quando eu comprei (a moto), de como eu iria falar para a minha família isso, como eu ia mostrar para os meus amigos. Ninguém da minha cidade nunca foi convocado para a Seleção, por isso, a cobrança era muito grande. Foi então que eu comecei a olhar para dentro de mim e esquecer o que ficou. Vi que a Carol não tinha mudado nada e decidi continuar no esporte. Eu botei na minha cabeça que eu vou voltar à Seleção, de outra forma, mas quero voltar e dar as mesmas alegrias que eu dava quando eu tinha perna.
Quatro dias depois de reencontrar Marta, Carol pôde experimentar a sensação de andar novamente com a ajuda de próteses. Com o novo troféu, Carol vai continuar reescrevendo seu futuro, só que dessa vez, mais perto da amiga que resgatou do passado.
- Esperei a beça por esse momento, trabalhei muito. Estou feliz.
Varjota Esportes / Globoesporte
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