Durou uns dez minutos. Era alta madrugada em um dos camarotes da Sapucaí quandoRonaldo resolveu atravessar, de ponta a ponta, um dos setores do espaço. Ele contrariou seu passado: em vez de uma arrancada no estilo daquelas que deu por gigantes como Barcelona e Real Madrid, foi quase engatinhando, parando a cada centímetro. Ele não é mais jogador de futebol. É político.
Ao assumir um dos principais cargos de comando no Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, Ronaldo viu nascer seu lado diplomático. Ele fala com a imprensa de um jeito diferente, mais cerimonioso, tratando de assuntos habituais a dirigentes. Mesmo que não goste. Em sua caminhada pelo camarote, o Fenômeno foi seguido por um punhado de repórteres e fotógrafos. Houve um momento em que posou para imagens. E aí pediu:
- Agora vocês param de me seguir, beleza?
Não adiantou. E o Fenômeno falou baixinho, soltando um palavrão.
- Parem de me seguir, c...
O pentacampeão mundial foi cumprimentado por celebridades das mais diversas. Passou pelos abraços da socialite Narcisa Tamborindeguy, que fez questão de tirar fotos ao lado do ídolo mostrando as jóias que carregava no corpo. Conversou ao pé do ouvido com a atriz Deborah Secco e o meia Roger, do Cruzeiro. Trocou ideias com o cantor Leandro Sapucahy.
Entre as pessoas ligadas ao esporte, ele é uma referência. Do presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, a Rodrigão, da Seleção Brasileira de vôlei, os cumprimentos foram efusivos. Na prática, Ronaldo só não foi abraçado quando escapuliu para o banheiro. E lá não havia fotógrafos focando suas lentes nele.
O Fenômeno é questionado sobre tudo. A respeito da reta final do Campeonato Carioca, questionado sobre quem será campeão, soltou um “sei lá, p...”. Em relação a Adriano, candidato a ser seu sucessor no Corinthians, deixou manifestações de apoio. “Está muito bem”, disse. Mas chamou mesmo a atenção ao defender, com frases quase sublinhadas, Ricardo Teixeira, o presidente da CBF.
Sobre ele, com quem chegou a ter rusgas no passado, Ronaldo falou com carinho. Disse que é um amigo do dirigente há anos. E que, por isso, Ricardo Teixeira pode contar com ele quando precisar. Diplomático.
O lado político de Ronaldo parece não diminuir sua importância. Ao chegar na Sapucaí, ele causou tumulto, corre-corre. Deu repetidas entrevistas, com filas e mais filas de jornalistas em volta dele. Foi a segunda maior atração da noite no espaço.
Antes, houve Neymar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário