Alecsandro não se desviou dos assuntos extracampo do Vasco e, na posição de um dos
líderes do grupo, fez um desabafo em relação aos problemas recorrentes no
clube. Além dos constantes atrasos de salário, a diretoria passa por um processo de desligamentos
e enfraquecimento político interno do presidente Roberto Dinamite.
Como a cereja do bolo, desde o fim da semana passada, a água foi cortada em São
Januário por falta de pagamento das contas desde
junho. O atacante pediu uma reflexão aos responsáveis e afirmou que se sente
desvalorizado com a situação por ser um patrimônio cruz-maltino (confira
no vídeo acima).
- Não tem como esconder que, em um ano e meio de Vasco, temos estado em
noticiários que não gostaríamos. Isso diminui a imagem do clube. Espero que
possa haver uma reflexão para entender o que há realmente e como resolver isso
logo. Não vamos entrar no mérito dos outros, mas, pelo que vi, todos já tiveram
problemas com parcelamento dessas contas de água. Pela grandeza do Vasco, pela
história, não pode passar por isso. Torço para que se recupere e volte a ser o
Gigante da Colina. Como patrimônio do clube, me sinto desvalorizado. Tomara que
se profissionalize mais e estejamos nas capas por notícias alegres - afirmou.
Mais tarde, ao comentar o revezamento dos treinos entre São Januário e o
CFZ, o atacante fez elogios: disse que poupa o gramado do estádio e deixa os
jogadores (que em grande parte moram na Barra da Tijuca, bairro anexo ao
Recreio, onde fica o CT) mais próximos de casa. No entanto, ao falar que não é
fácil enfrentar o trânsito da Linha Amarela e ouvir de um repórter o comentário
"o pedágio pesa no bolso", encerrou a entrevista coletiva em tom crítico.
- Também. Ainda mais quando está sem receber - afirmou, com um sorriso
no rosto e já se levantando da cadeira, sobre os direitos de imagem atrasados e
a inconstância nos salários.
Funcionário sofre queda ao encher cisterna em São Januário (Foto:
Alexandre Cassiano / Ag. O Globo)
Esperança de resolução nesta quarta
Os obstáculos para a distribuição de água permanecem os mesmos. Um caminhão-pipa, contratado a uma empresa, vai a São Januário quatro vezes por dia e despeja 60 mil litros nas cisternas para que os danos no consumo sejam minimizados. Nesta quarta, na tentativa de encher o recipiente, um homem - que não usava equipamento de segurança - sofreu uma queda inferior a dois metros, na cobertura do estádio, mas não se feriu.
Alguns banheiros estão sem serviço e agora têm o acesso bloqueado por
funcionários. O departamento jurídico espera que o fornecimento de água seja
normalizado ainda nesta quarta, por meio de uma liminar na Justiça.
Posteriormente, será homologado um acordo para a quitação de mais de R$ 1,3
milhões de dívida com a Cedae, empresa estadual.
Alecsandro não acredita, contudo, que haverá influência no rendimento do
time em campo, argumentando que o grupo tem mostrado maturidade, em especial
nas dificuldades. A limitação do fornecimento do serviço, até aqui, não afetou
os jogadores no dia a dia.
- Grosso modo, não tem influenciado em nada. Permanecemos bem colocados,
chegando perto de títulos, com objetivos pessoais cumpridos, como Seleção e
artilharia. O lado profissional do grupo é muito alto, tal qual os jogadores
que chegaram depois. Os mais velhos têm sido um escudo importante e dão suporte
aos mais novos. Isso tem funcionado muito bem desde o ano passado. Tentamos
fazer com que não reflita em campo - completou.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
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