Paulo Henrique Ganso assinou contrato
de cinco
anos com o São Paulo (Foto: divulgação / SFC)
anos com o São Paulo (Foto: divulgação / SFC)
Ganso é do São Paulo! Foram 32 dias de novela desde que a primeira
proposta foi oficializada pelo meia. Uma novela com reviravoltas, romances,
separações, brigas e final feliz para o Tricolor e o jogador, que sempre torceu
pelo sucesso da negociação. Nesta quinta-feira, enfim, o clube acertou a
contratação junto ao Santos, que vai receber R$ 23.940.000,00, um pouco mais do
que os 45% dos direitos econômicos que possuía.
Na nova divisão, o Tricolor, que desembolsou R$ 16,4 milhões, terá 32%
dos direitos de Ganso, enquanto o DIS, que injetou R$ 7,5 milhões para
viabilizar a transferência, amplia sua porcentagem sobre o atleta de 55% para
68%.
No futuro, se o São Paulo vender o jogador por um valor superior, o
clube da Baixada ainda terá direito a 5% do lucro obtido pelo rival. Na quarta, pela manhã, o
Santos aceitou a nova proposta, mas avisou que não liberaria Ganso enquanto as
pendências jurídicas com a DIS não fossem resolvidas.Ocorreram
novas reuniões, inclusive com a participação do jogador, que faltou três dias
seguidos a sessões de fisioterapia no CT Rei Pelé e exigiu uma definição das
partes. À noite, na Vila Belmiro, o martelo foi batido.
O primeiro acordo verbal
entre as partes foi fechado na noite da última sexta-feira,quando
São Paulo e DIS se reuniram, acertaram uma composição financeira e informaram
ao Santos que pagariam o valor exigido. Nesse mesmo dia, à tarde, Paulo
Henrique conversou com o presidente Juvenal Juvêncio por telefone e reiterou
seu desejo de atuar no Morumbi.Porém, na última segunda,
para surpresa de todos e desespero de Ganso, o Comitê de Gestão que administra
o Santos mudou de ideia e disse ter recusado a oferta, despertando
uma série de versões conflitantes sobre o motivo de o acordo de sexta não ter
sido formalizado.
O Peixe afirmou que o documento não atendia aos interesses do clube. O
grande problema foi o desejo de que o DIS aceitasse retirar as pendências
judiciais que tem com o Santos, relativas às vendas do volante Wesley e do
atacante André para Werder Bremen e Dínamo de Kiev, respectivamente, em 2010. A
exigência revoltou os investidores, que recentemente ganharam na Justiça o
direito de penhora de 20% das receitas do clube. No acerto, ficou decidido que,
em vez de dinheiro, o Santos passaria a ter o CT Rei Pelé penhorado.
Outro fator divergente era a forma de pagamento. O Santos gostaria de
receber à vista, mas o São Paulo se propôs a pagar R$ 12 milhões imediatamente
e os R$ 11,8 milhões restantes até o fim de janeiro de 2013 - isso, claro, já
incluindo aí o montante que seria bancado pela DIS, já que o investimento total
do Tricolor seria mesmo de R$ 16,4 milhões..
Na terça-feira, houve o segundo acerto. Juvenal e Adalberto Baptista,
diretor de futebol do São Paulo, se encontraram com Luis Alvaro pela manhã e
resolveram as pendências entre eles. O Tricolor topou os termos exigidos e
enviou a proposta com pagamento à vista.
Meia jogou
ao lado do Tricolor paulista
A vontade de Ganso foi determinante. Primeiro ele demonstrou a Laor toda
sua irritação pela recusa da oferta. Depois, em contato com Vanderlei
Luxemburgo, reafirmou que queria jogar no São Paulo, o que provocou a desistência
do Grêmio de contratá-lo. O desejo de Laor
era ver Ganso na equipe gaúcha, para que ele não atuasse num rival estadual,
mas esbarrou na resistência do atleta e do DIS. É que Delcir Sonda, presidente
do grupo, é parceiro e torcedor do Internacional, e não admite ver seus
clientes no Olímpico. Por isso, o DIS abriu mão
de sua parte na transferência (55% do valor), ajudou o São Paulo
financeiramente e acabou ampliando sua porcentagem sobre Ganso. O contrato terá duração de cinco anos.
Os
capítulos da novela Ganso
No dia 21 de agosto, o clube do Morumbi ofereceu R$ 23 milhões, mas para
adquirir os 100% do atleta. Seriam R$ 10,7 milhões ao Santos e o restante para
a DIS. A oferta seguinte superou os R$ 28 milhões (R$ 12,6 mi para o Peixe),
mas Laor emitiu uma nota, afirmando que só negociaria o jogador pelo valor
integral da multa: R$ 53 milhões.
Na última quarta-feira, pela primeira vez, o presidente santista abaixou
a guarda e admitiu receber só os 45% que lhe cabiam. Foi então que o Grêmio
surgiu com força e sinalizou a Laor que estava disposto a pagar.
Mas Ganso deixou claro aos envolvidos sua preferência desde o início.
Tanto que afirmou publicamente que “seria um prazer jogar no São Paulo", e
por diversas vezes pediu a Adalberto Baptista que fechasse a contratação, além
de ter recusado todas as ofertas de aumento salarial feitas pelo Santos, o que
irritou Luis Alvaro. Ele vê no Tricolor a melhor alternativa para recuperar seu
futebol e voltar a ser convocado por Mano Menezes. O meia teve o aval do médico
da seleção brasileira, José Luiz Runco, que foi consultado pelo Tricolor e
informou que ele não tem nenhum problema crônico. O fisioterapeuta do São Paulo
é Luiz Rosan, que trabalha também na Seleção e conhece bem o jogador.
A novela teve diversos personagens coadjuvantes. Primeiro foi Ney
Franco, que, animado com a possibilidade de ter o meia, admitiu, ainda no dia
21 de agosto, já ter desenhado um campinho com Ganso em seu time. A frase
irritou o colega Muricy Ramalho, que sempre pediu publicamente a permanência do
jogador. Ney se viu obrigado a pedir desculpas.
Na última quinta-feira, o
diretor de futebol do Grêmio, Paulo Pelaipe, afirmou que havia chegado a um
"denominador comum" com todas as partes
da negociação e que a contratação de Ganso era uma tendência. A torcida se
empolgou, em vão.
Por último, o lateral-esquerdo Léo disparou contra a diretoria e exigiu
uma resolução rápida. Também se retratou. E o goleiro Rogério Ceni, questionado
sobre a contratação de Ganso, usou o bordão de uma propaganda comercial de
posto de gasolina para despistar:
- É melhor perguntar lá no posto Ipiranga - brincou.
A relação entre São Paulo e Santos chegou a ficar estremecida durante a
negociação. No dia 30 de agosto, pessoas ligadas ao clube da Baixada espalharam
a informação de que o rival havia desistido da contratação de Ganso. Como
resposta, o Tricolor enviou uma nova oferta e o jogador se irritou com a
suposta mentira dos alvinegros. Em seguida, Laor reclamou aliciamento e ameaçou
denunciar o São Paulo na Fifa. Adalberto respondeu com panos quentes. Agora,
com a contratação definida, os dirigentes também voltaram às boas.
No São Paulo, Ganso deverá usar a camisa 8, que pertence a Fabrício. O
volante teve uma lesão séria no joelho e só voltará a jogar em 2013. Com cinco
jogos disputados (o limite são seis), ele poderá ser inscrito no Campeonato
Brasileiro até sexta-feira. Na Sul-Americana, Ganso vai entrar no lugar de
algum dos 25 relacionados antes da próxima fase.
Varjota Esportes - Ce. / Globoesporte
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