Lembra Dele? Carlinhos Itaberá revela mitos e verdades da carreira De cobrança de lateral para fora a golaço no Maracanã, ex-jogador do Fluminense vira técnico - e árbitro – e revive própria história no futebol


“I-ta-be-rá.” Com esse grito, que exaltava seu nome como uma forma de brincadeira e, muitas vezes, de deboche, Carlinhos era recebido nas Laranjeiras e no Maracanã. Há exatos 20 anos, a torcida do Fluminense conheceu aquele que viria a ser um dos jogadores mais folclóricos do futebol nacional. Tem em seu currículo cobrança de lateral para fora. “Ponte” para salvar um gol com a mão também. Até diploma de árbitro ele tirou quando pendurou as chuteiras. Histórias de mais um Antônio brasileiro, Antônio Carlos Silva, o Carlinhos Itaberá.
Oito anos depois da aposentadoria, Carlinhos voltou a morar em Itaberá, cidade de cerca de 19 mil habitantes, que fica a 322km de São Paulo. Virou técnico das categorias de base do time local e até fez um curso para apitar partidas dos campeonatos amadores da região. É conhecido por todos na cidade e mostra grande satisfação por reencontrar amigos de infância, mas também não esconde a saudade dos tempos em que vestia a camisa grená, verde e branca.
Time Itaberá 2 (Foto: Arquivo Pessoal)Itaberá é técnico das categorias de base do time
local de sua cidade (Foto: Arquivo Pessoal)
- Devo tudo que tenho ao Fluminense. Passei por 24 clubes na minha carreira. Nenhum me deu o que ele me deu. Sou tricolor até hoje e serei até o fim – disse.
O ex-lateral-direito reconhece que muitas histórias foram criadas com seu nome. Mas muitas também são reais. Por isso, a pedido do GLOBOESPORTE.COM, esclareceu: afinal, o que é mito e o que é verdade sobre Carlinhos Itaberá?

carimbo mito (Foto: ArteEsporte)
Itaberá se aposentou depois que saiu do Fluminense
“Passei por mais de 13 times antes de pendurar as chuteiras no Atlético Chapecó, em 2003. Joguei no Joinville, Francana, Paysandu, entre outros. E só parei porque a idade pesou, né? (risos).”

carimbo verdade (Foto: ArteEsporte)
Voltou a morar em Itaberá
“Sou técnico dos times de categorias de base (sub-14 e sub-16) da cidade há sete anos e, há seis, sou campeão com eles. Voltei para a minha cidade porque fui acolhido pelas pessoas, tenho apoio da prefeitura. É o meu lugar.”

carimbo mito (Foto: ArteEsporte)
Nunca conquistou um título como jogador
“Fui campeão alagoano com o CSA, em 1994, e conquistei o título da Série A3 do Paulista também com o Francana, em 1996. Esse, inclusive, foi meu melhor momento desde que deixei o Fluminense. Conseguir subir com aquela equipe, que merecia muito, foi uma satisfação muito grande.”
carimbo verdade (Foto: ArteEsporte)
Fez um golaço contra o Botafogo no Maracanã
“Ah, esse eu lembro bem. Saiu de uma tabelinha com o Bobô (assista ao vídeo no início da matéria). Foi meu primeiro gol no Maracanã. Esse dia foi maravilhoso. Imagina fazer um gol assim, com a torcida toda gritando... Foi muito legal para mim. Uma recordação importante. Um dos meus melhores momentos no Fluminense, com certeza.”
carimbo mito (Foto: ArteEsporte)
Não fala mais com Junior desde a expulsão no Carioca de 1991
"Falo, sim. Oque aconteceu foi o seguinte: como eu já tinha levado cartão amarelo no primeiro tempo, depois de uma dividida com o Nélio, cortei o Junior e fui expulso. Mas isso é uma coisa normal de jogo. Continuei falando com ele normalmente.”
carimbo verdade (Foto: ArteEsporte)
Virou árbitro de futebol
“Não sou da Federação Paulista, porque a idade não me deixa mais ser árbitro profissional (está com 46 anos). Mas fiz um curso e peguei o diploma. Posso apitar campeonatos amadores. Outro dia apitei o Campeonato Master do Bairro Cambará, aqui em Itaberá. É uma experiência bem diferente. Não sei se sou rigoroso, mas aplico bem as regras.”
Carlinhos (C) fez curso e hoje apita campeonatos amadores em Itaberá (Foto: Arquivo Pessoal)
carimbo verdade (Foto: ArteEsporte)
Cobrou um lateral para fora
“Isso aconteceu, mas não foi bem assim. Foi no jogo contra o Náutico (Brasileiro de 1992). Estávamos perdendo, então quis cobrar logo. Só que estava chovendo, aí escapuliu. Então, na verdade, eu não cobrei para fora. A bola nem chegou a entrar em campo.”
carimbo mito (Foto: ArteEsporte)
Morou com mais oito jogadores em uma casa alugada e ficou à base de arroz, feijão, massa e sanduíche de mortadela no Chapecoense
“Eu lembro que falaram isso na época. Mas foi invenção. Os salários atrasaram, sim, mas eu morava em um hotel. Ninguém foi despejado também, como disseram. Isso foi coisa inventada para dar história.”
carimbo verdade (Foto: ArteEsporte)
Fez uma “ponte” para evitar um gol
“Sim, isso é verdade (risos). Foi nas Laranjeiras, estávamos ganhando do Atlético-MG por 1 a 0. Teve um escanteio, e a bola ia entrar. Tirei com a mão, porque o Jefferson não ia chegar. Fui expulso, mas valeu a pena porque ele defendeu o pênalti. Não lembro em qual ano foi isso, mas aconteceu. Foi meu momento Suárez (atacante do Uruguai que impediu o gol da classificação de Gana nas quartas de final da Copa do Mundo de 2010). Repeti em 1997, no Paysandu. Não ganhávamos do Remo há muito tempo, então coloquei a mão. Vencemos. Valeu a pena (risos).”
carimbo verdade (Foto: ArteEsporte)
Perdeu pênalti contra o Picos na Copa do Brasil de 1992
“É... não tenho muito a dizer sobre isso. Eu me empolguei, foi isso. Fui correr para bater e errei. Estava em uma fase boa, sabe como é, né? Com o Fluminense vencendo, jogo na mão (acabou ganhando por 4 a 2). O Ricardo Pinto não queria que eu batesse. Disse que não era para eu ir. Acontece.”
carimbo verdade (Foto: ArteEsporte)
Foi barrado ao tentar entrar nas Laranjeiras em 2010
“Todo ano viajo ao Rio de Janeiro e vou às Laranjeiras. Só que esqueci a carteirinha de sócio no ano passado. Não me deixaram entrar de primeira. Tive que ir almoçar, esperar a hora da visita geral. O Fluminense mudou muito, está mais rígido, burocrático. Mas depois consegui entrar. Minha filha até tirou fotos com os jogadores. E eu fui reconhecido também. Foi muito legal.”
carimbo mito (Foto: ArteEsporte)
Fica incomodado por ser citado como pior jogador da história do Flu
“Eu vi que falam de mim aí pela internet (há uma comunidade em uma rede social com o nome “Eu sobrevivi ao Itaberá”). Não me incomodo, não. Fiz o que pude pelo Fluminense, dei o meu melhor. Fiquei quase dois anos como titular. Não tenho nenhum arrependimento.” 
  Globoesporte.com  /  Varjota  Esportes.

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