Aldo Rebelo não é nenhum novato no esporte. Deputado federal do PC do B pelo sexto mandato, já teve algumas atuações famosas ligadas à área. Participou, por exemplo, da comissão que discutiu a Lei Pelé e, entre 2000 e 2001, foi presidente da CPI que investigou na Câmara as ligações entre a CBF e a Nike. Isso sem falar na paixão pelo futebol: ele é palmeirense roxo, do tipo que lembra glórias antigas do time e lista heróis do clube.
Mesmo assim, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, Rebelo não parece o mais entusiasmado ao ser escalado pela presidente Dilma Rousseff para substituir Orlando Silva no comando do Ministério do Esporte a partir desta sexta-feira – a posse oficial só ocorre na próxima segunda. Talvez porque ele vá entrar em uma espécie de jogo do título, mas no começo do segundo tempo, em uma disputa acirrada e cheia de caneladas. Rebelo assume um ministério que cresce em importância pela coordenação dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, mas que passou os últimos tempos envolto em denúncias de desvios de recursos e em conflitos recorrentes com a Fifa sobre as exigências para o Mundial que se aproxima. O cansaço decorrente da rotina pesada dos últimos dias é visível, mas ele se apega ao discurso.
- Eu creio que o ânimo em uma situação dessas é uma necessidade. Eu estou disposto a enfrentar esse desafio com a mesma disposição com que enfrentei outros em situações diferentes.
O ministro diz que vai buscar a ajuda e a orientação de Orlando Silva para entender melhor o funcionamento do ministério, mas já avisou que vai mexer no time. Evitando "condenações", ele diz acreditar no colega, a quem vai recorrer para entender o mínimo sobre a confusão em que está entrando.
- O ministro Orlando domina todas essas disciplinas e eu tenho, nesse fim de semana, que procurar o apoio e a ajuda do ministro para que eu possa retomar a atividade do ministério com as informações, com os conceitos e com o mínimo dessa estrutura pelo menos sob o meu domínio.
“Onde o governo julgar que não deverá fazer concessões, não serão feitas”
Mesmo assim, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, Rebelo não parece o mais entusiasmado ao ser escalado pela presidente Dilma Rousseff para substituir Orlando Silva no comando do Ministério do Esporte a partir desta sexta-feira – a posse oficial só ocorre na próxima segunda. Talvez porque ele vá entrar em uma espécie de jogo do título, mas no começo do segundo tempo, em uma disputa acirrada e cheia de caneladas. Rebelo assume um ministério que cresce em importância pela coordenação dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, mas que passou os últimos tempos envolto em denúncias de desvios de recursos e em conflitos recorrentes com a Fifa sobre as exigências para o Mundial que se aproxima. O cansaço decorrente da rotina pesada dos últimos dias é visível, mas ele se apega ao discurso.
- Eu creio que o ânimo em uma situação dessas é uma necessidade. Eu estou disposto a enfrentar esse desafio com a mesma disposição com que enfrentei outros em situações diferentes.
O ministro diz que vai buscar a ajuda e a orientação de Orlando Silva para entender melhor o funcionamento do ministério, mas já avisou que vai mexer no time. Evitando "condenações", ele diz acreditar no colega, a quem vai recorrer para entender o mínimo sobre a confusão em que está entrando.
- O ministro Orlando domina todas essas disciplinas e eu tenho, nesse fim de semana, que procurar o apoio e a ajuda do ministro para que eu possa retomar a atividade do ministério com as informações, com os conceitos e com o mínimo dessa estrutura pelo menos sob o meu domínio.
“Onde o governo julgar que não deverá fazer concessões, não serão feitas”
Rebelo diz ter recebido apenas uma recomendação da presidente Dilma ao ser convidado: que valorizasse o Brasil como sede da Copa e das Olimpíadas. Ele não confirma, mas a presidente tem falado diversas vezes que o país precisa resistir mais às exigências feitas pela Fifa para o Mundial. O ministro não fala em endurecer o discurso, mas enfatiza a "cooperação com independência" e garante que o governo pode barrar o que achar "desnecessário".
- Onde o governo brasileiro julgar que não deverá fazer concessões, não serão feitas concessões. E onde o governo brasileiro julgar que as concessões são necessárias ou razoáveis - que há isonomia em relação a outros eventos internacionais - essas concessões serão feitas. Acho que, a partir desse princípio, adotaremos posições equilibradas e firmes.
Isso pode significar problemas na discussão de questões centrais das negociações, como a meia-entrada na venda dos ingressos para 2014. Neste aspecto, o projeto da Lei Geral da Copa, que é analisado por uma comissão especial da Câmara, não tem agradado a nenhum dos lados. A Fifa aceita o desconto para idosos, mas resiste à meia-entrada estudantil. Já os parlamentares têm reforçado a importância do direito dos estudantes. O governo alinhou o discurso na defesa da manutenção dos chamados “direitos sociais”, mas empurra a bola para o Congresso.
Ex-presidente da UNE e com história no movimento estudantil, Rebelo fica no meio do caminho. Pessoalmente, defendeu o direito à meia-entrada para os estudantes, mas já avisou que vai se alinhar ao discurso do governo.
- Onde o governo brasileiro julgar que não deverá fazer concessões, não serão feitas concessões. E onde o governo brasileiro julgar que as concessões são necessárias ou razoáveis - que há isonomia em relação a outros eventos internacionais - essas concessões serão feitas. Acho que, a partir desse princípio, adotaremos posições equilibradas e firmes.
Isso pode significar problemas na discussão de questões centrais das negociações, como a meia-entrada na venda dos ingressos para 2014. Neste aspecto, o projeto da Lei Geral da Copa, que é analisado por uma comissão especial da Câmara, não tem agradado a nenhum dos lados. A Fifa aceita o desconto para idosos, mas resiste à meia-entrada estudantil. Já os parlamentares têm reforçado a importância do direito dos estudantes. O governo alinhou o discurso na defesa da manutenção dos chamados “direitos sociais”, mas empurra a bola para o Congresso.
Ex-presidente da UNE e com história no movimento estudantil, Rebelo fica no meio do caminho. Pessoalmente, defendeu o direito à meia-entrada para os estudantes, mas já avisou que vai se alinhar ao discurso do governo.
Você tem que assumir a posição do governo. E eu, como ministro, tenho que encaminhar as posições do governo"
Aldo Rebelo
- Quando você exerce a função pública ou mesmo quando você representa politicamente e negocia posições às vezes legítimas, mas contraditórias, você tem que assumir a posição do governo. E eu, como ministro, tenho que encaminhar as posições do governo.
Outro aspecto pessoal que ele espera ficar de fora é o histórico com Ricardo Teixeira. O dirigente da CBF foi o principal investigado pela CPI comandada por Aldo. Dez anos depois, é parceiro chave do governo na realização da Copa, ao coordenar o Comitê Organizador Local do Mundial.
- A CPI que eu presidi não se constituiu em instrumento de perseguição pessoal a ninguém, foi um instrumento de investigação da Câmara. Mas não guardo ressentimento em relação às pessoas, aos dirigentes e espero que isso também aconteça da parte dos que foram investigados.
Melhor que Real Madri e Barcelona
Se os assuntos do ministério deixam Aldo mais receoso - ele diz que, nessa etapa, cada entrevista é um risco - o Palmeiras alegra o comunista. Aldo é inclusive autor de um livro sobre um jogo entre o clube e o arqui-rival Corinthians. Mas, mesmo com toda a paixão, ele admite que a situação do alviverde não é boa.
- Para nós, palmeirenses, só existem dois tipos de resultados: vitória do Palmeiras ou um resultado anormal. O problema é que recentemente, o resultado anormal tem se repetido muito.
Resta o apego à esperança
- A minha avaliação sobre a campanha do Palmeiras não obedece a nenhuma racionalidade. Eu não sei se matematicamente nós ainda podemos ser campeões. Se pudesse, eu ia dizer que esse é o nosso desafio. Se não puder matematicamente, pelo menos a Libertadores.
E se a situação atual não é boa, o palmeirense disfarçado de ministro quase faz poesia com o passado do clube.
- Temos tradição, temos história, temos biografia. Um time não vive apenas de resultados. Um clube vive das suas glórias, da sua história, das páginas heroicas que escreveu, dos gramados de todo o mundo. E o Palmeiras é pleno desses episódios.
Empolgado, até se arrisca ao comparar o clube de Perdizes a grandes times europeus - recorrendo à história do time, é claro.
- Não tem nada parecido com o Palmeiras. Se olhar o Real Madri, perdeu todas com o Palmeiras na Espanha. Barcelona perdeu todas com o Palmeiras. [Palmeiras é melhor que Real Madri e Barcelona?] Estatisticamente, sim. Quando jogaram conosco em Madri ou em Barcelona, apanharam. Palmeiras ganhou daquele time que tinha Cruyff, Neeskens, Rensenbrink...
Outro aspecto pessoal que ele espera ficar de fora é o histórico com Ricardo Teixeira. O dirigente da CBF foi o principal investigado pela CPI comandada por Aldo. Dez anos depois, é parceiro chave do governo na realização da Copa, ao coordenar o Comitê Organizador Local do Mundial.
- A CPI que eu presidi não se constituiu em instrumento de perseguição pessoal a ninguém, foi um instrumento de investigação da Câmara. Mas não guardo ressentimento em relação às pessoas, aos dirigentes e espero que isso também aconteça da parte dos que foram investigados.
Melhor que Real Madri e Barcelona
Se os assuntos do ministério deixam Aldo mais receoso - ele diz que, nessa etapa, cada entrevista é um risco - o Palmeiras alegra o comunista. Aldo é inclusive autor de um livro sobre um jogo entre o clube e o arqui-rival Corinthians. Mas, mesmo com toda a paixão, ele admite que a situação do alviverde não é boa.
- Para nós, palmeirenses, só existem dois tipos de resultados: vitória do Palmeiras ou um resultado anormal. O problema é que recentemente, o resultado anormal tem se repetido muito.
Resta o apego à esperança
- A minha avaliação sobre a campanha do Palmeiras não obedece a nenhuma racionalidade. Eu não sei se matematicamente nós ainda podemos ser campeões. Se pudesse, eu ia dizer que esse é o nosso desafio. Se não puder matematicamente, pelo menos a Libertadores.
E se a situação atual não é boa, o palmeirense disfarçado de ministro quase faz poesia com o passado do clube.
- Temos tradição, temos história, temos biografia. Um time não vive apenas de resultados. Um clube vive das suas glórias, da sua história, das páginas heroicas que escreveu, dos gramados de todo o mundo. E o Palmeiras é pleno desses episódios.
Empolgado, até se arrisca ao comparar o clube de Perdizes a grandes times europeus - recorrendo à história do time, é claro.
- Não tem nada parecido com o Palmeiras. Se olhar o Real Madri, perdeu todas com o Palmeiras na Espanha. Barcelona perdeu todas com o Palmeiras. [Palmeiras é melhor que Real Madri e Barcelona?] Estatisticamente, sim. Quando jogaram conosco em Madri ou em Barcelona, apanharam. Palmeiras ganhou daquele time que tinha Cruyff, Neeskens, Rensenbrink...
Globoesporte.com / Varjota Esportes.
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